Jorge Martins Cardoso

 

Um eterno aprendiz



Textos

A LIBERDADE...

Auto-Hemoterapia, Dr. Fleming e os antibióticos...
11º Artigo Extra (XI)

A LIBERDADE de fumar...
12ª parte

     16.3 - TABAGISMO na América Latina  
     São poucos os estudos mais aprofundados sobre a tendência de FUMAR na América Latina em geral e no Brasil em particular.
     Saralegui informa que no Uruguai, em 1974, eram FUMANTES cerca de 60% dos homens e 36% das mulheres. Aos 12 anos já havia 20% de FUMANTES, e aos 16 anos a percentagem era de 50% em ambos os sexos.
     Uma investigação bem planificada é a promovida em 1970 em 8 cidades latino-americanas, com fundos da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e subsídios outorgados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Sociedade Americana de Câncer, Liga Paulista Contra o Câncer, Fundação Peruana do Câncer e Sociedade de Combate ao Câncer da Venezuela. A investigação recebeu apoio das autoridades sanitárias dos países interessados. A pesquisa abarcou indivíduos de 15 a 74 anos de idade da cidade do México, cidade de Guatemala, Bogotá, Caracas, Lima, Santiago, São Paulo e La Plata, selecionados de acordo com critérios de diversidade geográfica, étnica e demográfica. Os dados desse inquérito da OPAS foram analisados por Joly.
     As taxas mais altas de prevalência de homens FUMANTES se observaram em La Plata 58%, São Paulo 54% e Bogotá 52%, seguindo-se Caracas 49%, Santiago 47%, México 45%, Guatemala 36% e Lima 34%; quanto às mulheres, os índices de FUMANTES foram: Santiago 26%, Caracas 26%, La Plata 24%, Bogotá 21%, São Paulo 20%, México 17%, Guatemala 10% e Lima 7%. Com se vê, São Paulo figura em segunda e quintas posições, respectivamente para os homens e mulheres. Na média das oito cidades, a proporção de FUMANTES é duas vezes e meia maior entre os homens (45%) que entre as mulheres (18%).
     O inquérito revelou que quanto mais elevado o nível educacional, maior a probabilidade de as mulheres serem FUMANTES e os homens ex-FUMANTES. Nota-se que São Paulo é a cidade onde mais cedo se ingressa no TABAGISMO. Dos TABAGISTAS homens, 44,2% começaram a FUMAR antes dos 16 anos e 87,0% antes dos 20 anos, e as mulheres respectivamente 35,8% e 62,7%. Constatou-se ainda que aproximadamente 29% dos homens e 15% das mulheres consumiam 20 ou mais CIGARROS diários, o que na época era um pouco abaixo dos índices dos Estados Unidos, onde 31% dos homens e 17% das mulheres FUMAVAM 25 ou mais CIGARROS por dia. É pouco difundido o hábito de FUMAR CHARUTOS (1,6%) e CACHIMBO (1%), muito abaixo dos Estados Unidos (21% e 18%) e da Inglaterra (26% e 31%).
     É de interesse, para fazer alguns confrontos com os dados do inquérito da OPAS, relatar os resultados do inquérito por nós conduzido em 1979, portanto 9 anos depois daquele, no Centro de Ciências Médicas e Biológicas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. O TABAGISMO foi pesquisado em estudantes de medicina e de enfermagem de 17 a 27 anos de idade e professores médicos e alguns biólogos de 26 a 72 anos. A prevalência global de TABAGISTAS foi entre os homens alunos 41,33% e professores 27,74%. O TABAGISMO incidiu em 52,89% dos estudantes masculinos. Para as mulheres, a prevalência global de FUMANTES foi de 34,35% entre as alunas e 33,33% entre as professoras.
     De alto interesse é a idade em que se começou a FUMAR. No inquérito da OPAS, lembramos que em São Paulo, em 1970, 44,2% dos homens tinham começado a FUMAR antes dos 16 anos e 87,0% antes dos 20 anos. Em nosso estudo de 1979, para as idades mencionadas, os percentuais sobem para 63,37% e 98,35%. Em relação às mulheres o inquérito da OPAS acusou para as idades referidas respectivamente 35,8% e 62,7%. Ora, no estudo atual encontramos 57,82% e 96,60%. Disso se infere que em 9 anos de distância entre aquele inquérito e o nosso, um notável contingente de jovens, tanto homens como mulheres, está começando a FUMAR mais cedo. (1).  
     A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e, a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.
     Se Deus nos permitir voltaremos outro dia. Boa leitura e bom dia.
Aracaju, 23 de novembro de 2014.
Jorge Martins Cardoso - Médico - CREMESE - 573.  

          Fonte: (1) - Livro - TABAGISMO - Sério Problema de Saúde Pública - páginas 234, 235, 238 e 241.
                      








Auto-Hemoterapia, Dr. Fleming e os antibióticos...
11º Artigo Extra (XI)

A LIBERDADE de fumar...
13ª parte

     16.5 - As motivações para FUMAR.
     Razões genéticas, psicológicas, sociológicas, antropológicas, etc., são invocadas para melhor compreensão do fenômeno da generalização progressiva do TABAGISMO, verdadeira toxicomania endêmica que se implanta nos jovens cada vez mais cedo, em muitos centros atingindo as crianças.  
     Dada a dificuldade do estabelecimento de uma "tipologia TABAGISTA" que levaria certo grupo de pessoas a FUMAR, a hipótese genética é a mais cômoda para a abordagem do assunto, com a vantagem de eximir a sociedade da responsabilidade de ter gerado a pandemia TABAGISTA.
     O indivíduo seria levado a FUMAR por uma contingência constitucional hereditária; os fatores psicológicos e sociais agiriam como concausa em território propício. Segundo alguns, fatores genéticos constitucionais associados ao hábito de FUMAR predispõem os TABAGISTAS a maior risco de contrair doenças. A hipótese constitucional não encontra suporte nem nos estudos sobre gêmeos nem no confronto de pares de pessoas semelhantes em várias dezenas de caracteres.
     O problema que aqui se coloca, entretanto, é o de saber se existem fatores constitucionais que predispõem à contração do vício de FUMAR. Poucas investigações rigorosas são conhecidas, embora a literatura registre muitas contribuições.
     A comprovação da hipótese hereditária exige o estudo apurado do comportamento em relação ao TABAGISMO, de gêmeos monozigóticos e dizigóticos. A hipótese genética sobre a propensão para o TABAGISMO exige longo tempo para apurar sua validade, devido ao escasso número de pares gêmeos disponíveis para permitir acúmulo de material estatisticamente significativo. O Royal College of Physicians da Inglaterra, abordando a questão no último relatório, conclui que a hereditariedade parece ser menos importante que as influências e pressões do meio ambiente.
     As razões psicológicas e sociológicas que levam o jovem a FUMAR são inúmeras e variam segundo a atitude e os comportamentos das comunidades ou do grupo no qual ele se integra, da própria família e do próprio indivíduo.
     Não faltam as explicações psicanalíticas de o desejo de FUMAR corresponder a um sentimento de vazio, de impulsos oriundos de complexos sexuais ou ainda devido à persistência da fase erógena oral; à reminiscência subconsciente da chupeta ou, ao contrário, à insatisfação por se ter mamado pouco, pois já houve quem verificasse maior facilidade de abandonar o TABACO entre os que mamaram até o oitavo mês do que entre os desmamados antes do quinto mês...
     A maioria dos estudos sobre a tendência a FUMAR concorda que as crianças, vivendo em meio onde se FUMA, adquirem rapidamente a experiência do TABAGISMO. Este é o fator mais importante do alastramento do TABAGISMO, conforme a maioria das pesquisas psicossociológicas.
      À medida que a criança cresce, a influência familiar diminui e os adolescentes e jovens passam a sofrer progressivamente maior influência e pressões dos líderes dos grupos aos quais se integram ou do próprio grupo como um todo. É essa fase, até cerca dos 20 anos, a mais suscetível de ingressar no TABAGISMO. Essa fase é a mais vulnerável a influências advindas dos chamados líderes de comunidade ou de opinião, e o FUMAR pode resultar não só da pressão, mas também à imitação de modelos dos referidos líderes, estereótipos do meio, sejam eles os colegas mais velhos, personagens, vedetes populares, professores ou pais.  
     Os homens e mulheres das oito cidades latino-americanas inquiridos pela investigação da OPAS alegaram as razões de por que começaram a FUMAR, respectivamente nas percentagens seguintes: imitação do grupo com o qual conviviam 78,7% e 64,4%; imitação do grupo familiar 21,1% e 28,6%; acreditaram que lhes aumentava o atrativo pessoal 12,4% e 10,8%; os homens julgaram que se sentiriam mais homens 22,1%. (A soma das percentagens aqui e das respostas mais adiante excede 100% porque muitos entrevistados alegaram mais de uma razão).
     No inquérito que realizamos no Centro de Ciências Médicas e Biológicas de Sorocaba, ao contrário do estudo da OPAS, que especificou as perguntas, foi apenas perguntado: "Qual o principal motivo que o levou a FUMAR regularmente". As respostas dos professores e alunos não têm diferenças estatísticas, sendo a seguir apresentadas globalmente. Homens e mulheres alegaram, respectivamente, as seguintes razões: influência do grupo social extrafamiliar 38,49% e 35,06%; curiosidade, vontade de experimentar 27,77% e 32,46%; ajudou a enfrentar situações, estudo, tensões 14,68% e 11,68%; insegurança, autoafirmação, sentir-se adulto 14,28% e 7,79%; aumento do atrativo pessoal 5,15% e 7,14%; influência do grupo familiar 3,96% e 2,59%; outros motivos 5,55% e 5,82%; não sabem 12,30% e 9,74%. Somando-se a segunda resposta com a primeira, pois a "curiosidade" ou "vontade de experimentar" resulta da influência ou pressão do grupo extrafamiliar, obtém-se respectivamente, 66,26% e 67,52%, ressaltando que tanto o inquérito da OPAS como no nosso a principal razão para se começar a FUMAR é a imitação, a influência do grupo extrafamiliar. (1).
     A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e, a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.
     Se Deus nos permitir voltaremos outro dia. Boa leitura e bom dia.
    Aracaju, 23 de novembro de 2014.
   Jorge Martins Cardoso - Médico - CREMESE - 573.

     Fonte: (1) - Livro - TABAGISMO - Sério Problema de Saúde Pública - páginas 246, 247, 248 e 249.
    












jorge martins
Enviado por jorge martins em 30/06/2015


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