Jorge Martins Cardoso

 

Um eterno aprendiz



Textos

A LIBERDADE...
Auto-Hemoterapia, Dr. Fleming e os antibióticos...
11º Artigo Extra (XI)

A LIBERDADE de fumar...
16ª parte

     2 - Ação biopatológica dos componentes do FUMO do TABACO.
     As substâncias químicas isoladas do FUMO e do condensado do CIGARRO, estudadas quanto aos seus efeitos biológicos e tóxicos, podem ser reduzidas a cinco grupos essenciais:
     a) NICOTINA e seus derivados (alcalóides), responsáveis pela TABACO-dependência e efeitos sobre o sistema nervoso e circulatório;
     b) MONÓXIDO de CARBONO, que interfere no transporte de oxigênio aos tecidos;
     c) Irritantes da mucosa respiratória, com repercussão sobre os brônquios e alvéolos;
     d) Compostos cancerígenos;
     e) Substâncias adventícias.
     2.1 - NICOTINA - A NICOTINA é responsável pela TABACO-dependência. Com a inalação do FUMO do CIGARRO absorve-se praticamente toda a NICOTINA naquele contido. A absorção da NICOTINA nos FUMANTES de CIGARRO se dá no pulmão. Experiências com NICOTINA marcada com radioisótopo comprovam que os FUMANTES tragadores absorvem mais de 95% de toda a NICOTINA que passa da boca até os alvéolos. Surge no sangue a cotinina, que é o primeiro produto de decomposição daquele alcalóide.
     O TABACO do CIGARRO é ácido e por isso, como se disse, a NICOTINA é absorvida pelos pulmões; ao contrário, o TABACO de CACHIMBO e do CHARUTO é alcalino, absorvendo-se então a NICOTINA pela mucosa bucal. Isso explica porque os FUMANTES destes dois últimos não têm tanta necessidade de tragar o FUMO para se satisfazer.  
     Sendo a NICOTINA tóxica nem todos a toleram de imediato. Muitas pessoas, ao FUMAREM pela primeira vez, sentem palpitações, tonturas, náuseas, vômitos e sudorese, hipotensão, bradicardia e até lipotimias; com a continuidade adquirem tolerância e logo a seguir dependência.
     Sendo a meia-vida biológica da NICOTINA no corpo humano de aproximadamente 20 a 30 minutos, em geral os FUMANTES sentem necessidade de FUMAR um CIGARRO em torno de cada meia hora, mantendo desse modo o nível desse alcalóide no sangue. Estudos mais recentes trouxeram a certeza de que a necessidade de FUMAR (TABACO-dependência) resulta da NICOTINA e provavelmente de seu metabólito, a cotinina. Essa dependência é responsável pela "síndrome de abstinência" que ocorre em graus variáveis nos FUMANTES ao suspenderem abruptamente o TABACO; os sintomas mais frequentes são: sensação de necessidade de FUMAR, inquietação, irritabilidade, ansiedade, nervosismo, fadiga, transtornos do sono, do ritmo cardíaco, depressão, constipação intestinal e dificuldade para concentração e realização de trabalhos, às vezes mesmo os automáticos. Finalmente, a dependência à NICOTINA se demonstra também pela sua injeção endovenosa, que faz desaparecer os sintomas da síndrome de abstinência, com diminuição ou abolição da vontade de FUMAR. Está provado que a dependência à NICOTINA se desenvolve mais rapidamente que ao álcool e certas outras drogas como a heroína. Desconhecem-se os mecanismos e os centros cerebrais pelos quais se processa essa dependência.  
     A ação da NICOTINA se faz sobre o sistema parassimpático e simpático e pela liberação da epinefrina. Doses pequenas são excitantes, e maiores são depressoras. Isso explica os sintomas mencionados nos FUMANTES principiantes. Nos FUMANTES treinados predomina uma reação adrenérgica, produzindo a liberação das catecolaminas pelos órgãos suprarrenais. Os sintomas mais comuns são de natureza cardiovascular: elevação da frequência cardíaca e vasoconstricção, especialmente dos capilares.  
     A NICOTINA possui marcada ação sobre o sistema nervoso central, atingindo o cérebro rapidamente dentro de 1 minuto após a primeira tragada e nele se fixando, podendo exercer efeitos estimulantes ou depressivos conforme as doses, tempo de uso e resposta orgânica.
     O comportamento da NICOTINA é peculiar, não tendo relação com outros sistemas neurotransmissores conhecidos; assim a noradrenalina, dopamina, serotonina ou seus antagonistas também não podem produzir ou bloquear o seu efeito.
     Mais recentemente ainda se constatou o efeito bronco constritor da NICOTINA, aumentando a resistência bronquial à ventilação respiratória. Finalmente, ela influi também na diminuição do consumo de oxigênio e da atividade da enzima adenosina trifosfatase dos MACRÓFAGOS alveolares, prejudicando a função FAGOCITÁRIA destes últimos. (1).  
     A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e, a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.
     Se Deus nos permitir voltaremos outro dia. Boa leitura e bom dia.
   Aracaju, 23 de novembro de 2014.
   Jorge Martins Cardoso - Médico - CREMESE - 573.
    
     Fonte: (1) - Livro - TABAGISMO - Sério Problema de Saúde Pública - páginas 19, 20, 21 e 23.
Auto-Hemoterapia, Dr. Fleming e os antibióticos...
11º Artigo Extra (XI)

A LIBERDADE de fumar...
17ª parte

     2.2 - MONÓXIDO de CARBONO - A concentração de MONÓXIDO de CARBONO no FUMO do CIGARRO é de 3% a 6%, variando na fase gasosa com a temperatura na qual se consome o TABACO e com outros fatores, como a porosidade do papel. O MONÓXIDO de CARBONO tem 250 vezes mais afinidade pela hemoglobina que o oxigênio, obstaculizando assim o transporte deste último aos tecidos, de duas maneiras: competindo com o oxigênio nas ligações com a hemoglobina (formando carboxihemoglobina, que é nociva), aumentando a afinidade da hemoglobina restante pelo oxigênio, de modo que a quantidade deste, liberada nos tecidos, seja menor; este é um mecanismo importante para o desenvolvimento da cardiopatia isquêmica.  
     Com o bloqueio da hemoglobina, sob a forma de carboxihemoglobina, ocorre queda das taxas de saturação de oxigênio.  
     Está bem comprovado que o MONÓXIDO de CARBONO exerce um papel importantíssimo no desenvolvimento da aterosclerose.
     2.3 - Substâncias Irritantes
      As substâncias irritantes são numerosas, e as mais importantes são a acroleína e seus derivados. São também melhor conhecidos os efeitos do óxido e dióxido de nitrogênio, derivados carbonílicos (formaldeído, acetaldeído, cetonas, furfural, acetonitrilas), ácidos (cianídrico, acético e homólogos superiores), fenóis, cresóis e quinonas. Estes componentes e muitos outros são responsáveis pelos efeitos no aparelho respiratório: a) imediatos: irritativos, inflamatórios e do tipo alérgico, com manifestações de tosse, bronco constrição, paralisação dos movimentos ciliares. b) mediatos: estimulação da secreção das glândulas de muco dos brônquios, perda dos cílios, alterações outras do epitélio bronquial, injúrias à atividade enzimática e imunitária dos MACRÓFAGOS alveolares, processos inflamatórios crônicos bronquiais e destruição dos alvéolos.
     2.4 - Substâncias Cancerígenas
     Inúmeras substâncias isoladas do fumo do TABACO têm potencial cancerígeno. Os componentes de maior atividade oncogênica isolados do TABACO são os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, obtidos pelo fracionamento do FUMO do TABACO pela cromatografia, dez dos quais produzem tumores nos ratos: 1º - benzo (a) pireno. 2º - dibenzo (a, h) antraceno. 3º - dibenzo (a, e) fluoranteno. 4º - benzo (a, i) pireno. 5° - benzo (b) fluoranteno. 6º - benzo (j) fluoranteno. 7º - indeno (1, 2, 3 - c, d) pireno. 8º - benzo (a) antraceno. 9º - benzo (a) fenantreno. 10º - criseno. Os dois primeiros têm atividade oncogênica elevada, os quatro seguintes moderada e os restantes, fraca. Todos esses hidrocarbonetos resultam da queima do TABACO nas altas temperaturas produzidas no CIGARRO. Dos hidrocarbonetos cancerígenos do TABACO, o mais citado e estudado é o 3-4 (a) benzopireno.  
     Incriminou-se o papel do CIGARRO no desencadeamento do câncer. Animais submetidos ao FUMO de papel desenvolvem mais raramente tumores malignos ou não os desenvolvem de todo. O teor de hidrocarbonetos no papel de CIGARRO é muitíssimo inferior ao encontrado no FUMO do TABACO.
     2.5 - Substâncias adventícias
     Aditivos empregados no TABACO, desde o cultivo até a manufatura, podem eventualmente, nas temperaturas atingidas pelo CIGARRO, liberar ou sintetizar componentes voláteis nocivos. Os nitratos e fertilizantes podem ser precursores do óxido e dióxido de nitrogênio, irritantes, e de nitrosaminas de certa ação cancerígena. Como inseticida, o arsênico, considerado cancerígeno, foi muito empregado nos Estados Unidos até 1950; atualmente os inseticidas orgânicos como o DDT e o TDE podem originar componentes irritantes. Os fungicidas à base de ditiocarbamatos são precursores do ácido sulfídrico e sulfeto de carbono, ambos tóxicos. Outras substâncias são adicionadas pelos fabricantes para dar sabor aos CIGARROS com baixo teor de ALCATRÃO e NICOTINA; nada se sabe ainda sobre seus possíveis efeitos nocivos.
     2.6 - Interferência do FUMO do TABACO na atividade enzimática e na farmacodinâmica de drogas. O FUMO do TABACO interfere nas enzimas microssômicas ativando-as ou inibindo-as conforme o caso. É bem conhecida a ativação da elastase nos FUMANTES, aumentando a destruição da elastina e propiciando o enfisema pulmonar. (1).
     A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e, a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.
     Se Deus nos permitir voltaremos outro dia. Boa leitura e bom dia.
   Aracaju, 23 de novembro de 2014.
  Jorge Martins Cardoso - Médico - CREMESE - 573.  
          
     Fonte: (1) - Livro - TABAGISMO - Sério Problema de Saúde Pública - páginas 23, 24, 25, 27, 28 e 29.


jorge martins
Enviado por jorge martins em 02/07/2015


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