Jorge Martins Cardoso

 

Um eterno aprendiz



Textos

A LIBERDADE do CONHECIMENTO e o CONHECIMENTO da LIBERDADE... "Assim como no CINEMA, nas ARTES, na CIÊNCIA, , apenas tem direito à crítica aquele que conhece o assunto". (Paulo Henrique Lima).
Auto-Hemoterapia, Dr. Fleming e os antibióticos...
11º Artigo Extra (XI)

A LIBERDADE de fumar...
47ª parte

     Cinema PÁLACE – O prédio do CINE PÁLACE foi construído pelos engenheiros Fernando Porto e José Rollemberg Leite, com a colaboração do engenheiro Augusto Pereira de Azevedo. Os seus primeiros proprietários foram Dantas, Prado & Cia Ltda. O CINE PÁLACE foi inaugurado às 20hs do dia 1º de janeiro de 1956, com o filme norte-americano, “Sete Noivas para Sete Irmãos” (1954). (1) e (2). Este, ao contrário dos outros cinemas, possuía um poderoso e friorento ar condicionado. Mas, muito agradável. O cinema dispunha de 850 lugares (a*). Aos domingos apresentava duas sessões vespertinas (matinês) e duas sessões noturnas (soarês). A primeira matinê começava às 14hs e a 2ª às 16hs. A 1ª sessão noturna começava às 19hs e a segunda às 21hs. As vitrines das lojas da Rua João Pessoa ficavam com as luzes acesas, até o início da 2ª sessão noturna (21hs). Nesta hora, as luzes das vitrines eram apagadas, e assim também terminava o famoso e gostoso “Footing” ou “Quem-me-Quer”. (2) e (3).
     O Cine PÁLACE ficava localizado na Rua João Pessoa esquina com a Travessa Benjamim Constant. A sua frente era voltada para o sol nascente (para o leste). Ficava defronte ao Edifício Walter Franco e ao lado do Palácio do Governo, ou seja, ao lado do Palácio Olímpio Campos – hoje transformado em Palácio Museu Olímpio Campos. A esquina onde estava localizado o Cine PÁLACE, “fazia esquina” com a Praça Fausto Cardoso. Durante a minha adolescência e juventude, frequentei muito o Cinema PÁLACE, e havia razões de sobra para tanto. Naquela época, a Rua João Pessoa era a principal “artéria” comercial de Aracaju, eis uma das razões. (2).
     Mas, não era só isto. Nas proximidades do Cine PÁLACE encontrávamos – A Praça Olímpio Campos, a Catedral Metropolitana, o “Cachorro Quente de Seu João”, o prédio da Prefeitura de ARACAJU (hoje desativado), “O Cacique Chá” (hoje “Casa de Cultura Jenner Augusto”), a SORVETERIA YARA (hoje inexistente), a Praça Almirante Barroso, as Palmeiras Imperiais, a antiga sede da Assembleia Legislativa, o Palácio do Governo, a Praça Fausto Cardoso (com seus dois bonitos coretos), a Ponte do Imperador, a SORVETERIA CINELÂNDIA (hoje inexistente), etc. As razões de sobra ainda não acabaram. O Cine PÁLACE era mais confortável, apresentava os melhores filmes em primeira mão e havia ainda a chamada BROTOLÂNDIA, ou seja, as gatinhas, como chamam hoje em dia a juventude. As duas sorveterias próximas faziam a festa dos jovens, pois, além dos sorvetes, havia principalmente os saborosos picolés da SORVETERIA CINELÂNDIA (de seu Araújo). (2). No local em que funcionava o Cine PÁLACE, hoje, encontra-se o CENTER PALACE, uma loja que vende roupas femininas e masculinas, na Rua João Pessoa, nº 03/11.  
     Entre as dezenas de filmes que tive a oportunidade de assistir no Cine PÁLACE, tentaremos relembrar algumas das principais películas que passaram na tela daquele cinema. Lembrando e relembrando aos leitores, que o nosso objetivo principal, é a associação “biológica” da multibilionária indústria cinematográfica com a bilionária indústria tabagista. A relação dos filmes obedecerá a uma ordem cronológica de produção, ou seja, o ano em que eles foram produzidos. (2).              
     CASABLANCA – É uma cidade portuária. É a maior cidade de Marrocos, na costa atlântica do país, e uma das maiores do Norte da África. Casablanca é servida por um aeroporto, que é o mais importante em volume de passageiros do país. As principais indústrias são a pesqueira, a vidreira, a de mobiliário, a de materiais de construção e a do tabaco. Em janeiro de 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, a cidade de Casablanca foi palco de uma conferência entre o presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill. O que os dois conversaram na época não é o objetivo do nosso trabalho. No entanto, é importante ressaltar que estes dois estadistas eram fumantes inveterados.
     O FILME “Casablanca” mostra a cidade naquela época, como um centro de luta pelo poder, entre as potências inimigas européias, sem qualquer referência à população local, e com um vasto naipe de personagens cosmopolitas (americanos, franceses, alemães, checos e outros), mas, nenhum árabe. (4).
     Sinopse – Durante a Segunda Guerra Mundial, fugitivos tentavam escapar dos nazistas por uma rota que passava pela cidade de Casablanca, no Marrocos. O exilado norte-americano Rick Blaine (Humphrey Bogart) (a), encontrou refúgio na cidade, e comandava umas das principais casas noturnas da região. Clandestinamente, Rick Blaine ajuda refugiados, possibilitando que eles fujam para os Estados Unidos. Quando um casal pede a sua ajuda para deixar o país, ele reencontra a bela Ilsa (papel de Ingrid Bergman (b), belíssima em sua filmografia), uma grande paixão do passado. Esse encontro mexe com Rick e Ilsa, que vão lutar para fugir juntos. (5) e (6). Neste filme, a atriz de nacionalidade sueca Ingrid Bergman, fuma que é uma beleza. Humphrey Bogart também aparece fumando muito. Aliás, a tal casa noturna é um fumacê só. O filme foi produzido em 1942. (4). Observação do escriba – Não tenho recordação do ano em que me deliciei com este filme.
     Os Dez Mandamentos – É uma narrativa da vida de MOISÉS: desde que foi encontrado no Rio NILO até a chegada à chamada TERRA PROMETIDA, passando pela fuga do EGITO e a abertura das águas do Mar VERMELHO. A versão original é de 1923. Filme norte-americano. Elenco principal – Charlton Heston (c), Yul Brynner (d), Anne Baxter e Yvone de Carlo. É um filme do gênero épico, baseado na bíblia. A versão que assistimos é a de 1956. (4). No filme não aparece fumacê, pois na época não existiam cigarros.
     Ben-Hur – É um filme estadunidense de 1959, um drama épico bíblico dirigido por Willian Wyler. O roteiro foi baseado no romance de mesmo nome do escritor Lew Wallace. O filme se passa na época de Jesus Cristo, e conta a vida de um judeu de grande influência (Judah Ben-Hur), que é traído por seu amigo (Messala) romano, e é então escravizado. Ele luta pela LIBERDADE e volta para conseguir a vingança. Elenco principal: Charlton Heston, Stephen Boyd, Jack Hawkins, Haya Harareet e Hugh Griffith. (4). Neste filme também não aparece fumacê, pois na época não existiam cigarros. (3). A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e, a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.
     Se Deus nos permitir voltaremos outro dia. Boa leitura e bom dia.
Aracaju, 10 de março de 2015.
Jorge Martins Cardoso – Médico – CREMESE – 573.
     (a) - Humphrey DeForest Bogart – (1899 – 1957) – Foi um ator de cinema e de teatro, nascido em Nova Iorque (EUA). Dentre seus filmes de maior sucesso estão “Relíquia Macabra” (1941), “Casablanca” (1942) e “O Tesouro de Sierra Madre” (1948). Na vida real, Humphrey Bogart bebia e fumava muito. Ao todo participou de 80 filmes. Seu último trabalho foi em “A Trágica Farsa” de 1956. (3).
     (b) - Ingrid Bergman – (1915 – 1982). Esta atriz nasceu em Estocolmo (Suécia) e faleceu em Londres (Inglaterra). Em dois anos participou de 09 filmes na Suécia. Ingrid foi levada para Hollywood em 1939, para estrelar no filme sueco “Intermezzo” (1936). Alguns filmes com a participação de Ingrid Bergman: “O Médico e o Monstro” – (Dr. Jekyll and Mr. Hyde) - (1941), “Casablanca” (1942), “Por Quem os Sinos Dobram” (1943), “À Meia-Luz” (1944), “Interlúdio” (1946), ambientado parcialmente no Rio de Janeiro, (6) “Stromboli” (1950), primeiro filme de Bergman com Rossellini, (6) “Anastácia, a Princesa Esquecida” (1956), “Assassinato no Expresso do Oriente” (1974). Casou-se várias vezes, inclusive com o diretor italiano Roberto Rossellini. Ao todo Ingrid participou de 50 filmes. Na vida real Ingrid Bergman bebia e fumava muito, e assim continuou até os seus últimos dias de vida. (3).
     (c) - Charlton Heston ou John Charles Carter (1923 – 2008). Trabalhou no teatro e no cinema. Entre outros, participou dos seguintes filmes: “O Maior Espetáculo da Terra” (1952), “Os Dez Mandamentos” (1956), “A Marca da Maldade” (1958), “El Cid” (1961), “55 Dias em Pequim” (1963), “Agonia e Êxtase (1965), “Planeta dos Macacos” (1968), “Júlio César” (1970), “A Última Esperança da Terra” (1971), “Os Três Mosqueteiros” (1973), “Aeroporto 75” (1974), “Terremoto” (1974), “Tiros em Columbine” (2002), “Josef Menguele” (2003), etc. Atividades políticas de Charlton Heston – A princípio era do Partido Democrata e depois passou para o Partido Republicano. Foi um grande crítico de Richard Nixon. Posteriormente fez campanha a favor de Ronald Reagan. Também fez campanha a favor dos dois presidentes Bush. Em 1998 se tornou presidente da National Rifle Association (NRA), a poderosa entidade civil que luta para que seja mantido o direito do cidadão de comprar e portar armas de fogo nos Estados Unidos. Ao todo participou de 91 filmes. (3).
     (d) - Yul Brynner – (1920 – 1985) – Seu nome completo era Yuli Borisovich Bryner. Nasceu em Vladivostok (Rússia) e faleceu em Nova York (EUA). Estudou teatro, participou de seriado na TV e participou de filmes. Entre outros, atuou nos filmes: “O Rei e Eu” (1956), “Os Dez Mandamentos” (1956), “Anastácia, a Princesa Esquecida” (1956), “Os Irmãos Karamazov” (1958), “Ben-Hur” (1959), “Sete Homens e um Destino” (1960), “Taras Bulba” (1962), “King of the Sun” (1963), “Adiós, Sabata” (1971) e “O Farol do Fim do Mundo” (1971). Yul Brynner faleceu no dia 10 de outubro de 1985, e, neste mesmo dia, faleceu o ator Orson Welles. O ator russo norte-americano teve a participação em 42 filmes. (3).    
     (a*) – 850 lugares – Na verdade eram 850 confortáveis poltronas. E o que é bem mais curioso: Na parte posterior de cada poltrona existia um cinzeiro niquelado, que podia facilmente ser aberto ou fechado, para deleite dos fumantes.
     Fontes: (1) – Vinicius Dantas – “Primeiro Cinema em Aracaju – SE” – Categoria: História do Cinema. (2) – Memórias do Escriba. (3) – Memorial do Cine PÁLACE, idealizado pelo jornalista Luiz Antônio Barreto (IN MEMORIAM), em novembro de 2011. (4) – Dra. Internet, Dr. Google e Dra. Wikipédia. (5) – JORNAL DA CIDADE (de Aracaju), 22 de janeiro de 2015, caderno C, página 1, coluna de Ivan Valença (“Casablanca”: o clássico de 1942 está de volta às telonas). (6) – JORNAL DA CIDADE (de Aracaju), 24 de janeiro de 2015, caderno C, página 3 – Cinema – Reapresentação – Casablanca (Idem) – EUA, 1942. Direção de Michael Curtiz JARDINS, sessão às 23h50. (7) – Revista Carta Capital, 16 de julho de 2014, página 77, “Calçada da Memória”, por José Geraldo Couto.





jorge martins
Enviado por jorge martins em 18/08/2015


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