Jorge Martins Cardoso

 

Um eterno aprendiz



Textos

A LIBERDADE do CONHECIMENTO e o CONHECIMENTO DA LIBERDADE... "O sujeito tira a roupa, se mata de DROGA, mas não pode acender um CIGARRO?" (C. Maroci).


(31) – Um pouco mais sobre “Agostinho dos Santos” e sobre a tragédia aérea.



GRANDES MISTÉRIOS: O NÚMERO 7 E O VARIG PP-VLU.

      
       11 de Julho de 1973, Aeroporto Internacional do Galeão, Rio de Janeiro, Brasil. Cento e dezessete pessoas embarcam no Vôo da Varig RG – 820 com destino a Londres, Inglaterra. O avião,...
      O avião, um Boeing 707 com capacidade para 202 pessoas, faria uma escala no Aeroporto de Orly em Paris. No comando do avião estavam Gilberto Araújo da Silva, um dos melhores pilotos da companhia tendo o título de Comandante Master (posto máximo na carreira de piloto) e o segundo comandante Antônio Fuzimoto. Na Foto: Gilberto Araújo da Silva e Antônio Fuzimoto. O paraibano Gilberto Araújo da Silva era um piloto bastante experiente com mais de 20 mil horas de vôo.
      Entre os passageiros, personalidades como a socialite e belíssima atriz Regina Léclery, o senador e Presidente do Senado Filinto Muller, o cantor Agostinho dos Santos, o iatista tricampeão mundial Joerg Bruder e o jornalista Júlio Delamare (primeiro diretor do departamento de esportes da Rede Globo).
      Na foto: Regina Léclery. Nascida no Rio de Janeiro em 1939 trabalhou como recepcionista em um banco. Foi Charm-Girl e Miss Lagoinha Country Club. Aos 20 anos de idade, segundo suas próprias palavras, foi “jogada pelos colunistas no estranho mundo da alta sociedade”. Casou-se em 1963 com o milionário Wallinho Simonsen e passou a freqüentar o Jet-Set internacional. Em outubro de 1963, o casal passou um fim de semana com John Kennedy, em sua propriedade de Palm Beach, o último fim de semana da vida do presidente: na sexta-feira seguinte ele seria assassinado.
      No final dos anos 60 e início dos anos 70 participou de filmes com diretores do porte de Leon Hirszman, Gláuber Rocha e Nélson Pereira dos Santos.
      Na Foto: Filinto Strubing Muller. Militar e político brasileiro, Filinto ficou famoso internacionalmente por prender a militante comunista e mulher de Luís Carlos Prestes, a judia alemã, Olga Benário, que estava grávida. Entre 1969 e 1973 foi Presidente do Partido Arena (atual PMDB). Em 1973 assumiu a Presidência do Senado brasileiro.
     Na Foto: Agostinho dos Santos. Um dos maiores cantores brasileiros dos anos 50, Agostinho dos Santos ficou famoso depois cantar a trilha sonoro do filme "Orfeu Negro". Excursionou pela Europa e até chegou a gravar algumas músicas do astro norte americano Bill Halley.
      Na Foto: Joerg Bruder. O velejador brasileiro era especialista na classe Finn, participou de 3 olimpíadas e foi bicampeão pan-americano e tricampeão mundial (1970, 1971 e 1972).

O Desastre de Orly

      A manhã estava tranquila quando o avião levantou vôo do aeroporto do Rio de Janeiro. A travessia sobre o Oceano Atlântico ocorreu sem problemas e logo estavam sobrevoando a bela cidade de Paris, onde o avião faria uma escala. A comissária de bordo pediu para que todos sentassem em suas poltronas e afivelassem o cinto de segurança. O comandante Gilberto com uma voz calma descreve os pontos turísticos de Paris. O avião já estava em procedimento de pouso e apenas a 1 minuto da pista do Aeroporto de Orly quando a torre de controle recebe uma mensagem do comandante Gilberto:
“Eu tenho um problema mecânico com meus motores… Eu não preciso disso… Eu vou morrer!”


      Bombeiros retiram os corpos do Boeing da Varig. Na Foto: O Boeing 707 da Varig Destruído Após o Pouso de Emergência. Na Foto: A frente do Boeing da Varig que caiu na França em 1973.

      Ao se aproximar do Aeroporto de Orly, iniciou-se um incêndio no fundo do avião, os comissários de bordo correram para apagar as chamas, mas logo todo o avião estava tomado por uma fumaça densa e tóxica. A fumaça invadiu a cabine e os pilotos perderam a comunicação com a torre de controle. Exatamente às 14h03min os pilotos resolveram fazer um pouso de emergência. Em uma manobra habilíssima, os comandantes Gilberto Araújo da Silva e Antônio Fuzimoto desviaram das milhares de casas da capital francesa e pousaram o avião em um campo aberto em Saulx-les-Chartreux, ao sul de Paris. Ainda atordoados, os pilotos abriram a porta da cabine e não enxergavam um centímetro às suas frentes, abriram a porta do avião e pularam para fora.
      Apesar de todo o esforço dos pilotos, 123 (116 passageiros mais 7 tripulantes) pessoas morreram no desastre, não pela queda do avião, mas queimados e intoxicados pela fumaça do incêndio que se iniciou em pleno ar. De todos os 114 passageiros apenas 1 sobreviveu, Ricardo Trajano, um jovem que desobedeceu todos os procedimentos e correu para perto da cabine onde a fumaça não estava tão densa.   Quando os bombeiros chegaram ele foi o primeiro a ser resgatado, desmaiado e com queimaduras.
      Uma minuciosa investigação sobre as causas do incêndio foi feita e para surpresa de todos a causa do incêndio foi um cigarro aceso jogado no lixo do banheiro do avião pouco antes do pouso. A partir desse acidente o fumo foi proibido nos aviões.
      Apesar da grande perda em pessoas nesse acidente, a tragédia poderia ter sido maior se o avião tivesse caído sobre as casas parisienses. O comandante Gilberto ficou conhecido no mundo inteiro pela enorme perícia com que conduziu o avião e em 26 de julho de 1973 foi condecorado pelo Ministério dos Transportes da República da França.

O Início do Mistério

      Após escapar quase que por milagre de um terrível acidente aéreo, o Comandante Gilberto voltou para o Brasil e se encontrou com um amigo de longa data, Oswaldo Profeta.
      Na Foto: À esquerda o comandante Gilberto e à direita seu amigo Oswaldo Profeta.
      Ao encontrar com seu amigo Oswaldo Profeta, o comandante Gilberto fez uma revelação estranha. “Quando ele voltou, ele me chamou só para me explicar e não quis que ninguém mais soubesse”. Segundo Oswaldo, Gilberto tirou seus óculos de dentro de uma caixinha e lhe mostrou. “Vê alguma coisa estranha?”, perguntou Gilberto. “Não, apenas alguns arranhados”, respondeu Oswaldo. “Não são arranhados, é o número 7″.
      Segundo o comandante Gilberto, os arranhões que apareceram no seu óculo após a queda do avião da Varig em Paris formavam o número 7. Oswaldo achou muito estranho aquilo. Na época Oswaldo era delegado da Polícia Civil de São Paulo e pediu para que o Departamento de Criminalística analisasse os óculos e fizesse uma ampliação dos arranhões na lente do óculo. O resultado?

      Oswaldo Profeta, hoje aposentado, mostra a ampliação feita na época, pelo Departamento de Criminalística da Polícia Civil de São Paulo, em um programa de TV da Rede Globo em 2008. Os arranhões parecem formar o número 7.
      O comandante Gilberto e o próprio Oswaldo ficaram impressionados com esse fato. “Ele ficava perguntando: Mas Oswaldo porque sete?” Bastante religioso Oswaldo Profeta tentou encontrar uma resposta na bíblia. Ao consultar a bíblia Oswaldo disse ao comandante Gilberto que o sete aparecia em dois livros da bíblia, o primeiro e o último (Gênesis e Apocalipse).
Gênesis: “Deus descansou no sétimo dia”
Apocalipse: “E no meio do trono um cordeiro como que tinha sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como tinha sete olhos, que são sete espíritos de Deus enviados por toda a terra”.
      O que poderia ser? Uma mensagem de Deus? Apenas coincidência?
      O fato é que isso deixou o comandante Gilberto muito impressionado. Ele pilotava um 707 quando caiu em Paris, o número foi formado na lente dos seus óculos, o acidente ocorreu no mês de julho (mês sete do calendário), havia 117 passageiros, 17 tripulantes na aeronave, dos quais 7 morreram. O único sobrevivente entre os passageiros, Ricardo (sete letras) Trajano (sete letras), tinha sete letras no nome e sobrenome. De acordo com o relatório oficial final do governo francês, os bombeiros chegaram exatamente 7 minutos após o pouso forçado do avião. O número 7 estava implícito na tragédia. Para dar um ar mais misterioso ainda, sete era o número de filhos que Gilberto tivera com sua esposa.
      Toda descrição do acidente feita pelo governo francês pode ser acessado no link abaixo:

Comissão de Inquérito do Acidente da Varig 707 prefixo PP – VJZ.

Nova Vida.

      Após o acidente ocorrido na França, o comandante Gilberto ficou conhecido no mundo todo. Foi condecorado com a Ordem do Mérito Aeronáutico, no grau de Cavaleiro, pelo governo francês e em 1975 ganhou o “Brevet de Ouro”, dado pela Varig, em reconhecimento aos seus 25 anos de comando na aviação comercial.
      O comandante foi afastado dos vôos comerciais devido ao acontecido fazendo apenas vôos regionais. Alguns anos após o acidente, Gilberto recebeu a notícia de que voltaria a pilotar um Boeing 707.

O Maior Mistério da Era dos Aviões A Jato.

      No dia 30 de janeiro de 1979, um avião cargueiro da Varig levantaria vôo do aeroporto de Narita no Japão. O avião foi carregado com sua capacidade máxima, dentro havia uma carga incomum: 153 pinturas do pintor e pioneiro do abstracionismo no Brasil, o nipo-brasileiro Manabu Mabe.
      Na Foto: Manabu Mabe. Imigrado do Japão em 1934, Manabu Mabe naturalizou-se brasileiro e foi um dos mais importantes pintores brasileiros.
      Manabu Mabe estava no Japão expondo seus quadros avaliados na época em US$ 1,24 milhão de dólares. O avião cargueiro levantaria vôo com seis tripulantes e com uma carga aproximada de 150 toneladas. Todos os seis tripulantes com larga experiência:
• Erny Peixoto Myllius: 1º Oficial.
• Antônio Brasileiro da Silva Neto: 1º Oficial.
• Evan Braga Saunders: 2º Oficial.
• José Severino Gusmão de Araújo: Engenheiro de Vôo.
• Nícola Esposito: Engenheiro de Vôo.

      O plano de vôo consistia de decolar da capital japonesa e voar sem escalas até Los Angeles nos Estados Unidos. Em Los Angeles, uma nova tripulação assumiria o avião e o levaria em uma nova viagem até o aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro. Além dos cinco tripulantes já citados, apresentou-se naquela noite no aeroporto de Narita no Japão, o piloto e comandante da aeronave. Um dos mais experientes e famosos pilotos da aviação da época: Gilberto Araújo da Silva, o mesmo piloto que anos antes virara herói nacional na França ao evitar que um avião em chamas caísse sobre a capital Paris.

O Boeing 707-323C da Varig. Foto tirada em Dezembro de 1975 em Estocolmo, Suécia.

      Cumprindo todos os protocolos, o comandante Gilberto carregou o cargueiro com a capacidade máxima de combustível, checou todos os equipamentos e preparou o avião para decolagem. A torre de Nárita deu condições de vôo para o comandante. O avião cargueiro levantou vôo às 20h23min horário japonês. Logo desapareceu na fina neblina que cobria o céu da capital japonesa.
      Às 20h45min, o comandante Gilberto fez o primeiro contato com a torre de Narita. O segundo contato estava previso para as 21h23min. O horário chegou, mas o contato não veio. O silêncio do PP-VLU logo foi notado pelos controladores de vôo em terra que começaram a ficar apreensivos. Durante uma hora, os controladores em terra tentaram sem sucesso contactar o cargueiro PP-VLU. Após uma hora de tentativas frustradas, a torre de controle chegou a uma conclusão: o Boeing 707-323C cargueiro da Varig estava desaparecido.
      A marinha e a aeronáutica japonesa imediatamente se mobilizaram, mas a escuridão da noite aliada à forte neblina impediu que buscas fossem realizadas. Apenas quando o sol nasceu as buscas realmente começaram.
      Uma imensa busca foi realizada, a guarda costeira e a força aérea dos Estados Unidos se juntaram ao Japão na tentativa de dar alguma luz ao repentino e misterioso desaparecimento do cargueiro da Varig.  
      Dias e dias se passaram e nada. Meses se passaram e nada. Em casos de aviões que caem no mar, é comum que destroços sejam localizados, mesmo que semanas depois, levados pelas marés até as costas de continentes. Isso ficaria mais evidente no caso de um cargueiro com mais de 150 toneladas. Mas não foi isso o que aconteceu.
      O Varig 707-323C prefixo PP-VLU entrou para a história como o único jato comercial a desaparecer sem deixar vestígios. Não há nada parecido na história da aviação comercial, nem antes e nem depois. Nunca, um avião a jato desapareceu sem deixar um único rastro.
      Nenhuma mensagem de socorro foi enviada pelos tripulantes, nenhuma mensagem captada por outra aeronave ou por radioperadores em terra, nenhum destroço do avião encontrado, manchas de óleo ou combustível, pedaços de estruturas leves, plásticos, que sempre flutuam na água… NADA foi encontrado.
      As buscas foram encerradas algumas semanas depois. Seis meses depois, a família do comandante Gilberto recebeu um atestado de óbito. Nenhum destroço foi localizado e não houve uma explicação oficial sobre o desaparecimento do cargueiro. Um relatório final da Varig diz o seguinte:
      “Não foi possível encontrar nenhum indício que lançasse qualquer luz sobre as causas do desaparecimento da aeronave.”

Teorias

      Como nenhum destroço do avião nunca foi encontrado, diversas teorias surgiram ao longo dos anos. Grande parte delas fantasiosas, algumas dizendo que o avião fora seqüestrado por alienígenas, outras supondo que o avião fora ocupado em um seqüestro promovido por colecionadores de arte, hipótese descartada já que os quadros do pintor nipo-brasileiro nunca foram vistos em lugar nenhum.
      Há uma teoria que diz que o cargueiro da Varig levava mais do que quadros. Em 1976, um caça soviético modelo Mikoyan-Gurevich MIG-25, desertou da base de Saharovka e pousou no aeroporto internacional de Hokkaido no Japão.  
      Interessados nos segredos do caça, norte-americanos teriam desmontado o mesmo e colocado no cargueiro para ser estudado nos Estados Unidos, por isso a escala em Los Angeles.
      A inteligência soviética teria descoberto e interceptado o avião e obrigado o comandante Gilberto a pousar em algum lugar da antiga União Soviética. A tripulação teria sido morta por agentes da KGB.



O Mistério do 707, escritor por Oswaldo Poeta.

      Em 1985, Oswaldo Poeta, amigo do comandante Gilberto, lançou um livro chamado O Mistério do 707. Para Poeta, o que aconteceu não foi um acidente, “ele pode ter sido abatido”, diz.
      “O que eu acho mais estranho é que o Gilberto era um homem experiente. Ele teria feito contatos. Não fez contato nenhum? Depois silenciou. Criaram muitas teorias absurdas aí, até a de um disco voador. Um objeto não-identificado teria derrubado o meu amigo Gilberto”.

      Para Poeta, é possível que o cargueiro tenha sido abatido por caças soviéticos ao entrar por engano no espaço aéreo da antiga nação comunista.
      Entretanto a teoria mais aceita diz que o que houve com o cargueiro foi uma despressurização da cabine. Devido a uma falha no sistema de pressurização, houve uma despressurização da cabine levando os tripulantes a desmaiarem e posteriormente morrerem de asfixia. O Boeing teria voado na mesma altitude e direção com o piloto automático, até ficar sem combustível, e caído em algum ponto do vasto oceano Pacífico, a milhares de quilômetros de onde aconteceram as buscas.
      “Basta que ele tenha caído de forma íntegra, em uma área de grande profundidade e um relevo submarino muito acidentado. Então, o avião vai cair, vai sofrer deformação e afundamento, vai se alojar em algum vale e a gente nunca mais vai saber dele”, explica Moacyr Duarte, especialista em acidente da COPPE-UFRJ.

      E vocês o que acham? O que realmente aconteceu com o cargueiro da Varig?
•   Acredito na teoria da despressurização da cabine.
•   Foi abatido por caças soviéticos ao entrar por engano no espaço aéreo da antiga URSS.
•   A KGB interceptou o avião já que ele levava segredos militares da URSS para os EUA.
•   Os tripulantes foram mortos por colecionadores de arte que pousaram o avião em algum lugar do planeta.
•   Os tripulantes foram abduzidos por alienígenas e o avião posteriormente caiu no oceano.


E os arranhados nos óculos do Comandante Gilberto ? Que parecem formar o número 7?
•   São apenas coincidências
•   Realmente tem alguma coisa de estranho nesse caso.




      A título de curiosidade, Ricardo Trajano, o único sobrevivente entre os passageiros do vôo que caiu em Paris em 1973, sobreviveu por quebrar todas as regras e correr para o início do avião tentando se proteger da fumaça e fogo. Um ano depois, Ricardo entrou na loja da Varig no Copacabana Palace e disse o seguinte para uma das vendedoras da Varig: “No ano passado, comprei uma passagem para Londres, mas o avião caiu e não cheguei lá. Acho que tenho direito a outra certo?”. Ele levou a passagem na hora.




















(32) - Mulher Passarinho.
(Agostinho dos Santos).
  


Ave Maria cheia de graça/
Foi assim que o menino aprendeu a rezar/
Como não entendia o que Ave Maria/
O que cheia de graça queriam dizer/
O menino começou a indagar/
Ave Maria cheia de graça/
Ave, dizia a cartilha é nome de passarinho/


De tudo o que sabe voar/ Sua mãe se chamava Maria/
O menino pensava
Ser o nome de toda mulher/
Ele achava graça no manto azul
Cheio de estrelas/
Daquela imagem do altar/
E foi assim que o menino
Passou a rezar a sua Ave Maria/
Pensando baixinho
Em mulher passarinho/
Cheia de estrelas/
O menino dizia:
Ave Maria cheia de graça/
Mulher passarinho cheia de estrelas.








(33) – Bossa Nova.




BOSSA NOVA.

Escrito por Valdir Antonelli. Publicado em 25 de Janeiro de 2009. Jovens músicos, amantes de jazz e música clássica, buscavam algo que demonstrasse seu modo de vida, além de estar mais ligado ao seu gosto musical, criaram, então, um estilo que mesclava tais gostos com uma pitada de música brasileira, como chorinho e samba.
Canção de Amor Demais, com “Elizeth Cardoso”, e Chega de Saudade, de “João Gilberto”, LP e compacto, respectivamente, lançados em 1958, são considerados os precursores da bossa nova. Elizeth interpretava canções de “Tom Jobim” e “Vinícius de Moraes”, enquanto “João Gilberto” tinha Bim-bom no lado B de seu álbum, um dos clássicos da música brasileira, no qual mostrava uma nova forma de tocar violão.
Mas foi com seu primeiro álbum, também chamado Chega de Saudade, que “João Gilberto” começa a se tornar conhecido pelo Brasil e a bossa nova a ganhar destaque entre as rodas de intelectuais.
      Era um momento propício para as artes no país. No cinema, dois anos antes do lançamento do primeiro disco de “João Gilberto”, “Nelson Pereira dos Santos” colocava nas telas o filme “Rio Zona Norte”, dando início ao que ficou conhecido como “Cinema Novo”. Nas artes plásticas, começava o movimento neo-concretista, tendo entre seus integrantes nomes como “Lygia Clark”, “Hélio Oiticica” e “Ligia Pape”. Na política, a Capital Federal é transferida para Brasília. “Gianfrancesco Guarnieri”, em São Paulo, estréia “Eles Não Usam Blacktie”, inaugurando uma nova linguagem para o Teatro Brasileiro. Com o advento da bossa nova, estava completo o círculo que indicava que o Brasil estava em um novo rumo cultural.
      Mas a origem da bossa nova, apesar de ser interpretada por integrantes da classe média brasileira, tem grande ligação com o samba, mais precisamente de “Ary Barroso” e também com os cantores românticos daquela época, como “Johnny Alf”, “Dolores Duran”, “Sílvio Caldas” e “Orlando Silva”. “Custódio”, compositor requisitado na época, e morto precocemente, com apenas 35 anos,  antes de qualquer sinal da criação de um novo estilo, já mesclava o jazz e a música clássica em suas composições, indicando o caminho que seria seguido anos depois.
      Outro ponto importante foi a influência da música norte-americana sobre uma nova geração de músicos e cantores, como o próprio “Dick Farney” - que chegou a ser considerado o “Frank Sinatra” brasileiro -, os grupos Garotos da Lua, em que “João Gilberto” dava os primeiros passos, e Os Cariocas, que davam claros sinais de que tanto os músicos, quanto o público, estavam interessados em novos sons. “Farney”, inclusive, arriscou-se em carreira internacional, indo para os Estados Unidos e conseguiu certo sucesso com a versão em inglês da canção “Copacabana”.
      Mesmo com algumas mudanças, principalmente pelas inovações incorporadas às canções por “Lúcio Alves” e “Dick Farney”, a música dita popular ainda trazia letras românticas, obrigando aqueles jovens acostumados às areias e bares de Copacabana a retratar seu cotidiano de outra maneira.
      Apesar de não serem bem vistos pela própria família, uma nova geração de músicos nascia. “Roberto Menescal”, filho de arquitetos, chegou a comentar que tocava em um conjunto de baile e em uma noite se apresentou para seus irmãos. Na hora do jantar, sua família foi para as mesas no salão, já Menescal e seu grupo se retiraram para a cozinha, que era o lugar para os músicos. Uma vergonha para a família, que preferia que seus filhos se formassem em MEDICINA, DIREITO ou ENGENHARIA.
      Para as mulheres a cobrança era um pouco menor, elas poderiam se dedicar à música até que encontrassem um marido. Por sorte, os pais de “Nara Leão”, que com apenas 12 anos começou a aprender violão, não pensavam desta forma e incentivaram a filha, abrindo seu apartamento na Avenida Atlântica para músicos - a casa de “Nara” tornou-se conhecida por reunir a nata da bossa nova.
“Carlos Lira”, outro grande nome da bossa nova, começou a tocar por acaso, depois de quebrar a perna enquanto servia o exército. Sua mãe, com pena, comprou um violão para “Lira” que passou a praticar segundo o método Paraguassu. Depois, quando sua perna estava boa, voltou ao exército e começou a ter aulas com um sargento chamado “José Paiva”. Depois, quando entrou no colégio Mallet Soares, conheceu “Roberto Menescal” e “Luis Carlos Vinhas” e formou um trio com dois violões e piano. Maria Ninguém, outro clássico da bossa nova, foi escrita neste período.
      Por volta de 1955, alguns bares, hotéis e clubes se tornaram redutos para músicos interessados em mostrar seu trabalho, o bar Judô Azul, escondido atrás do cinema Rian, tinha “Tom Jobim” como pianista, vivia cheios de músicos e futuros músicos cariocas. No Clube Tatuis, em Ipanema, ocorriam algumas Jam sessions com o violonista “Cadinho” e, às vezes, com “Tom Jobim”. Serenatas Noturnas aconteciam no Ponto 6. No clube Leblon e no Hotel América também aconteciam reuniões e sessions inspiradas na música norte-americana.
      Foi em uma destas reuniões, mas na casa do compositor “Breno Ferreira”, que “Roberto Menescal” conheceu “Ronaldo Bôscoli”, seu parceiro por vários anos. “Menescal”, cansado do papo que dominava a sala, saiu para buscar uma cuba-livre - bebida símbolo da bossa nova - e escutou uma música diferente vinda da varanda. Foi ouvir, e viu o violonista “Elton Borges” e o então jornalista “Ronaldo Bôscoli”, cantando “Fim de Noite”, uma de suas primeiras composições. Somente um ano depois é que “Menescal” e “Bôscoli” voltariam a se encontrar. “Menescal” o encontrou na praia e o convidou para ir à casa de “Nara Leão”.
      Outro apartamento que se transformou em point para os músicos foi o de “Chico Feitosa” e “Ronaldo Bôscoli”. Ali diversos músicos apareciam para passar a noite, entre eles “CAETANO ZAMA”, “Pedrinho Mattar” e “Miéle”, mas o mais ilustre foi “João Gilberto”, que tinha o costume de voltar com o sol nascendo, depois de passar a noite por bares cariocas.
      Já “Tom Jobim” chegou a estudar piano com o professor alemão “Hans Joachim Koelireutter” e criou vários grupos musicais com amigos da escola e praia.
      Em 1946, entrou para a faculdade de arquitetura, mas não estudou nem um ano, saindo para se dedicar a carreira de música. Com gosto musical variado, indo de “Ary Barroso”, “Pixinguinha” e “Noel Rosa” até “Debussy”, “Ravel” e “Chopin”.
      “Tom Jobim” ganhava a vida tocando piano em várias casas da zona sul carioca, até que em 1952 conseguiu um emprego na gravadora Continental, como assistente do maestro “Radames Gnatalli”, uma de suas funções era passar para a pauta arranjos de quem não sabia escrever música. Mesmo assim, “Tom” continuou tocando em bares cariocas, agora por puro prazer. Mas não foi pela Continental que “Jobim” lançou seu primeiro trabalho, e sim pela Sinter, em 1953.
      Pouco tempo depois, o maestro troca de gravadora e vai para a Odeon, pela qual sairia o primeiro LP de “João Gilberto”.
      As parcerias foram um forte fator para o sucesso da bossa nova, “Roberto Menescal”, “Carlos Lyra” e “Ronaldo Bôscoli” passaram a compor juntos e “Se é Tarde me Perdoa” e “Lobo Bobo” foram umas das primeiras composições do trio. “Bôscoli” continua compondo com “Chico Feitosa”, sendo que “Sente”, “Complicação” e “Sei”, são músicas desta nova fase.
      Conjuntos, como o American Jazz, formado pelos irmãos “Castro Neves”, também começaram a surgir e “Bôscoli” também se uniu com “Oscar”, o violinista do grupo, na criação de “Não Faz Assim”, mais uma das primeiras canções da bossa nova.
      Foi nesta época que “João Gilberto” conheceu “Roberto Menescal”. “João Gilberto” voltava de viagem e resolveu mostrar suas composições para alguém. “Gilberto” pegou o violão e mostrou em primeira-mão Ô-ba-la-lá. “Menescal” gostou e resolveu mostrar a música para outras pessoas. Parou, então, no apartamento de “Ronaldo Bôscoli”, depois foram para a casa de “Nara Leão”. Com isso “João Gilberto” foi adotado pela turma e, com o tempo, passou a liderar o movimento.
“João Gilberto” só conheceu “Tom Jobim” graças a uma indicação do fotógrafo “Chico Pereira”. Os dois não se conheciam pessoalmente, apenas de nome, nas apresentações pela noite carioca. “João Gilberto” bateu na porta de “Tom Jobim” e mostrou suas composições. “Tom” também mostrou algumas criações suas e apresentou “Chega de Saudade”, que estaria no álbum Canção do Amor Demais, de “Elizeth Cardoso”.
“João Gilberto” adora a música e resolve gravá-la também, lançando-a em um compacto, tendo como lado B a sua Bim Bom. O violinista já mostrava seu gênio difícil, ao pedir dois microfones, um para a voz e outro para o violão, algo não muito usual para a época, além de interromper as gravações a todo o momento, dizendo que os músicos erraram o arranjo, ou que o som não estava bom, um pequeno exemplo do que ele faz até hoje.
      As primeiras mudanças, o caminho da decadência. A bossa nova, aos poucos, deixa de ser apenas um estilo elitista e começa a interessar outras camadas da população graças a canções como “Garota de Ipanema”, “Desafinado” e “Samba de Uma Nota Só”. O sucesso é tanto que em 1962, a nata da bossa nova vai para os Estados Unidos para se apresentar no Carnegie Hall, nomes como “Tom Jobim”, “João Gilberto”, “AGOSTINHO dos SANTOS”, “Roberto Menescal”, entre outros, foram mostrar para o público norte-americano o ritmo que estava contagiando os brasileiros.
      Mas, um pouco antes disso, em 1960, um grupo de músicos, “Marcos Valle”, “Dori Caymmi”, “Edu Lobo”, “Francis Hime” e “Joyce”  romperam com a bossa nova, criticando a ligação do estilo com o jazz, propondo uma aproximação com a música popular. “Carlos Lyra” e “Nara Leão” foram dois que apoiaram esta nova visão, e fizeram parcerias, no caso de “Nara”, com “Cartola” e “Nelson Cavaquinho”.  
      Com esta nova visão é lançado, em 1966, o LP Afrosambas, de “Vinicius de Moraes” e “Baden Powell”.
     Em 1965, “Vinicius” e “Edu Lobo” escrevem “Arrastão”, canção que “Elis Regina” defenderia no Festival da Música Popular Brasileira, transmitido pela TV Excelsior. A canção é considerada como o marco final da bossa nova, dando início a um novo movimento, mais conhecido como MPB.
      O novo estilo mesclava artistas desconhecidos com alguns da segunda geração da bossa nova. “Geraldo Vandré” e “Chico Buarque de Holanda”, e outros nomes dos festivais musicais, aos poucos passavam a se tornar mais conhecidos que os antigos cantores da bossa nova. Outros, ligados ao tropicalismo, como “Gilberto Gil” e “Caetano Veloso”, apostavam em um maior radicalismo, mesclando a nova MPB com ritmos regionais e até mesmo com o rock, que aos poucos chegava ao Brasil, tendo nos “Mutantes” sua maior característica.
      Hoje, enquanto no Brasil a bossa nova é jogada no balaio da MPB, lá fora o estilo continua com muita força. Diversos artistas, desde a década de 1970, se dizem influenciados pela música de “João Gilberto” e companhia, nomes como “Stan Getz”, “Style Council”, “Everything But Girl”, mostraram como transportar a sonoridade brasileira para o pop mundial. Já brasileiros como “Marisa Monte”, “Los Hermanos” e até mesmo “Cazuza”, mantiveram a bossa viva para as novas gerações.












(33) – Bossa Nova.



Bossa nova
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


      Bossa Nova é um movimento da música popular brasileira do final dos anos 50 lançado por “João Gilberto”, “Tom Jobim”, “Vinícius de Moraes” e jovens cantores e/ou compositores de classe média da zona sul carioca, derivado do samba e com influência do jazz. De início, o termo era apenas relativo a um novo modo de cantar e tocar samba naquela época, ou seja, a uma reformulação estética dentro do moderno samba carioca urbano. Com o passar dos anos, a Bossa Nova tornou-se um dos movimentos mais influentes da história da música popular brasileira, conhecido em todo o mundo.
      Um grande exemplo disso é a música “Garota de Ipanema” composta em 1962 por “Vinícius de Moraes” e “Antônio Carlos Jobim”.




Origens.

      A palavra bossa apareceu pela primeira vez na década de 1930, em “Coisas Nossas”, samba do popular cantor “Noel Rosa”:O santa, a prontidão/e outras bossas,/são nossas coisas(...). A expressão bossa nova passou a ser utilizada também na década seguinte para aqueles sambas de breque, baseado no talento de improvisar paradas súbitas durante a música para encaixar falas.
      Alguns críticos musicais destacam uma certa influência que a cultura americana do Pós-Guerra, de músicos como “Stan Kenton”, combinada ao impressionismo erudito, de “Debussy” e “Ravel”, teve na bossa nova, especialmente do cool jazz e bebop. Embora tenha pouca influência de música estrangeira como o Jazz, a Bossa Nova possui elementos de samba sincopado. Além disso, havia um fundamental inconformismo com o formato musical de época. Os cantores “Dick Farney” e “Lúcio Alves”, que fizeram sucesso nos anos da década de 1950 com um jeito suave e minimalista (em oposição a cantores de grande potência sonora) também são considerados influências positivas sobre os garotos que fizeram a Bossa Nova.
      Um embrião do movimento, já na década de 1950, eram as reuniões casuais, frutos de encontros de um grupo de músicos da classe média carioca em apartamentos da zona sul, como o de “Nara Leão”, na Avenida Atlântica, em Copacabana. Nestes encontros, cada vez mais frequentes, a partir de 1957, um grupo se reunia para fazer e ouvir música. Dentre os participantes estavam novos compositores da música brasileira, como “Billy Blanco”, “Carlos Lyra”, “Roberto Menescal” e “Sérgio Ricardo”, entre outros. O grupo foi aumentando, abraçando também “Chico Feitosa”, “João Gilberto”, “Luiz Carlos Vinhas”, “Ronaldo Bôscoli”, entre outros.
      Primeiro movimento musical brasileiro egresso das faculdades, já que os primeiros concertos foram realizados em âmbito universitário, pouco a pouco aquilo que se tornaria a bossa nova foi ocupando bares do circuito de Copacabana, no chamado “Beco das Garrafas”.
      No final de 1957, numa destas apresentações, no Colégio Israelita-Brasileiro, teria havido a ideia de chamar o novo gênero - então apenas denominado de samba sessions, numa alusão à fusão entre samba e jazz -,devido a um recado escrito num quadro-negro, provavelmente escrito por uma secretária do colégio, chamando as pessoas para uma apresentação de samba-sessions por uma turma "bossa-nova". No evento participaram “Carlos Lyra”, “Ronaldo Bôscoli”, “Sylvia Telles”, “Roberto Menescal” e “Luiz Eça”, onde foram anunciados como "(...) grupo bossa nova apresentando sambas modernos".


Início oficial.


Foto: Vinicius de Moraes, principal letrista de canções da bossa nova a partir de "Chega de Saudade", composição feita com Tom Jobim em 1958 e que consagrou o estilo.

      Movimento que ficou associado ao crescimento urbano brasileiro - impulsionado pela fase desenvolvimentista da presidência de Juscelino Kubitschek (1955-1960) -, a bossa nova iniciou-se para muitos críticos quando foi lançado, em Agosto de 1958, um compacto simples do violonista baiano “João Gilberto” (considerado o papa do movimento), contendo as canções “Chega de Saudade” (“Tom Jobim” e “Vinicius de Moraes”) e Bim Bom (do próprio cantor).
Meses antes, “João” participara de “Canção do Amor Demais”, um álbum lançado em Maio daquele mesmo ano e exclusivamente dedicado às canções da iniciante dupla “Tom/Vinicius”, interpretado pela cantora carioca “Elizeth Cardoso”.
      De acordo com o escritor “Ruy Castro” (em seu livro Chega de Saudade, de 1990), este LP não foi um sucesso imediato ao ser lançado, mas o disco pode ser considerado um dos marcos da bossa nova, não só por ter trazido algumas das mais clássicas composições do gênero - entre as quais, “Luciana”, “Estrada Branca”, “Outra Vez” e “Chega de Saudade” -, como também pela célebre batida do violão de “João Gilberto”, com seus acordes dissonantes e inspirados no jazz norte-americano - influência esta que daria argumentos aos críticos da bossa nova.
      Outras das características do movimento eram suas letras que, contrastando com os sucessos de até então, abordavam temáticas leves e descompromissadas - exemplo disto, “Meditação”, de “Tom Jobim” e “Newton Mendonça”. A forma de cantar também se diferenciava da que se tinha na época. Segundo o maestro “Júlio Medaglia”, "desenvolver-se-ia a prática do canto-falado ou do cantar baixinho, do texto bem pronunciado, do tom coloquial da narrativa musical, do acompanhamento e canto integrando-se mutuamente, em lugar da valorização da 'grande voz'".
      Em 1959, era lançado o primeiro LP de “João Gilberto”, “Chega de Saudade”, contendo a faixa-título - canção com cerca de 100 regravações feitas por artistas brasileiros e estrangeiros. A partir dali, a bossa nova era uma realidade. Além de “João”, parte do repertório clássico do movimento deve-se as parcerias de “Tom Jobim” e “Vinícius de Moraes”.  
      Consta-se, segundo muitos afirmam, que o espírito bossa-novista já se encontrava na música que “Jobim” e “Moraes” fizeram, em 1956, para a peça Orfeu da Conceição, primeira parceria da dupla, que esteve perto de não acontecer, uma vez que “Vinícius” primeiro entrou em contato com “Vadico”, o famoso parceiro de “Noel Rosa” e ex-membro do “Bando da Lua”, para fazer a trilha sonora. É dessa peça, baseada na tragédia Grega Orfeu, uma das belas composições de “Tom” e “Vinícius”, "Se todos fossem iguais a você", já prenunciando os elementos melódicos da Bossa Nova.
      Além de “Chega de Saudade”, os dois compuseram “Garota de Ipanema”, outra representativa canção da bossa nova, que se tornou a canção brasileira mais conhecida em todo o mundo, depois de “Aquarela do Brasil” (“Ary Barroso”), com mais de 169 gravações, entre as quais de “Sarah Vaughan”, “Stan Getz”, “Frank Sinatra” (com “Tom Jobim”), “Ella Fitzgerald” entre outros. É de “Tom Jobim” também, junto com “Newton Mendonça”, as canções “Desafinado” e “Samba de uma Nota Só”, dois dos primeiros clássicos do novo gênero musical brasileiro a serem gravados no mercado norte-americano a partir de 1960.


Mudanças.

      Em meados da década de 1960, o movimento apresentaria uma espécie de cisão ideológica, formada por “Marcos Valle”, “Dori Caymmi”, “Edu Lobo” e “Francis Hime” e estimulada pelo Centro Popular de Cultura da UNE.
      Inspirada em uma visão popular e nacionalista, este grupo fez uma crítica das influências do jazz norte-americano na bossa nova e propôs sua reaproximação com compositores de morro, como o sambista “Zé Ketti”. Um dos pilares da bossa, “Carlos Lyra”, aderiu a esta corrente, assim como “Nara Leão”, que promoveu parcerias com artistas do samba como “Cartola” e “Nelson Cavaquinho” e baião e xote nordestinos como “João do Vale”.
      Nesta fase de releituras da bossa nova, foi lançado em 1966 o antológico LP "Os Afro-sambas", de “Vinicius de Moraes” e “Baden Powell”.
Entre os artistas que se destacaram nesta segunda geração (1962-1966) da bossa nova estão “Paulo Sérgio Valle”, “Edu Lobo”, “Marcos Vasconcelos”, “Dori Caymmi”, “Nelson Motta”, “Francis Hime”, “Wilson Simonal”, entre outros...


Fim do movimento, da bossa à MPB.

      Um dos maiores expoentes da bossa nova comporia um dos marcos do fim do movimento. Em 1965, “Vinícius de Moraes” compôs, com “Edu Lobo”, “Arrastão”. A canção seria defendida por “Elis Regina” no I Festival de Música Popular Brasileira (da extinta TV Excelsior), realizado no Guarujá naquele mesmo ano. Era o fim da bossa nova e o início do que se rotularia MPB, gênero difuso que abarcaria diversas tendências da música brasileira até o início da década de 1980 - época em que surgiu um pop rock nacional renovado.
      A MPB nascia com artistas novatos, da segunda geração da bossa nova, como “Geraldo Vandré”, “Edu Lobo” e “Chico Buarque de Holanda”, que apareciam com frequência em festivais de música popular. Bem-sucedidos como artistas, eles tinham pouco ou quase nada de bossa nova. Vencedoras do II Festival de Música Popular Brasileira, realizado em São Paulo em 1966, “Disparada”, de “Geraldo”, e “!A Banda”, de “Chico”, podem ser consideradas marcos desta ruptura e mutação da bossa em MPB.
Legado.

O fim cronológico da bossa não significou a extinção estética do estilo. O movimento foi uma grande referência para gerações posteriores de artistas, do jazz (a partir do sucesso estrondoso da versão instrumental de “Desafinado” pela dupla “Stan Getz” e “Charlie Byrd”) a uma corrente pós punk britânica (de artistas como “Style Council”, “Matt Bianco” e “Everything but the Girl”).
No rock brasileiro, há de se destacar tanto a regravação da composição de “Lobão”, “Me Chama”, pelo músico bossa-novista “João Gilberto”, em 1986, além da famosa música do cantor “Cazuza” composta por ele e outros músicos, “Faz parte do meu show”, gravada em 1988, com arranjos fortemente inspirados na Bossa Nova.
Seu legado é valioso, deixando várias joias da música nacional, dentre as quais “Chega de Saudade”, “Garota de Ipanema”,”Desafinado”, “O Barquinho”, “Eu Sei Que Vou Te Amar”, “Se Todos Fossem Iguais a Você”, “Águas de Março”, “Outra Vez”, “Coisa Mais Linda”, “Corcovado”, “Insensatez”, “Maria Ninguém”, “Samba de Uma Nota Só”, “O Pato”, “Lobo Bobo”, “Saudade fez um Samba”.


Artistas do movimento.
• Cauby Peixoto
• Tom Jobim
• Vinicius de Moraes
• Alaíde Costa
• Astrud Gilberto
• Baden Powell
• Carlos Lyra
• Claudette Soares
• Danilo Caymmi
• Elizeth Cardoso
• Johnny Alf
• João Donato
• João Gilberto
• Luís Bonfá
• Luiz Eça
• Luiz Henrique Rosa
• Marcos Valle
• Maysa
• Miúcha
• Nara Leão
• Newton Mendonça
• Os Cariocas
• Oscar Castro Neves
• Roberto Menescal
• Ronaldo Bôscoli
• Sergio Mendes
• Sylvia Telles
• Stan Getz
• Toquinho
• Zimbo trio
• Wanda Sá
• Wilson Simonal



Categorias:
• Bossa nova
• Gêneros de samba



     Observação do escriba em relação à Bossa Nova. O trabalho de Valdir Antonelli completa o trabalho da Wikipédia. Os dois trabalhos são importantes. No entanto, no trabalho de Valdir Antonelli são citados CAETANO ZAMA e AGOSTINHO dos SANTOS, o que não acontece na Wikipédia.
     Outras observações importantes: 1ª - Todos ou quase todos os meus artigos deverão ser ilustrados, com personalidades importantes, ligados à MEDICINA em primeiro lugar (entre outras pessoas ligadas a outros setores), e às ARTES. Naturalmente aparecerão belas ilustrações sobre a NATUREZA. 2ª – Todos os artigos serão revisados rigorosamente. Como já dissemos em outra ocasião, haverá pouca mudança no conteúdo. Haverá mudanças principalmente em relação ao formato. 3ª – Num momento oportuno responderei aos comentaristas. Meu trabalho está com um atraso de seis meses. 4ª – A 1ª palavra chave continua sendo a LIBERDADE e a 2ª palavra-chave continua sendo o CONHECIMENTO. No próximo texto surgirá a 3ª palavra-chave.
     Se DEUS nos permitir voltaremos o mais breve possível. Boa leitura e bom dia.

Aracaju, quarta-feira, 26 de agosto de 2015.
Jorge Martins Cardoso – Médico – CREMESE – 573.

      Fontes: (1) – Dra. Internet. (2) – Dr. Google. (3) – Dra. Wikipédia. (4) – Revista Caros Amigos. (5) – Valdir Antonelli. (6) – Outras fontes.
jorge martins
Enviado por jorge martins em 26/08/2015


Comentários


 
Site do Escritor criado por Recanto das Letras