Jorge Martins Cardoso

 

Um eterno aprendiz



Textos

A LIBERDADE... O CONHECIMENTO... A ARTE... (2) - WILHELM REICH - 4ª Versão - Por Carlos Eduardo Cantusio Abrahão - (1ª parte) - "Os beija-flores mandam beijos". Aju, 11/09/2015 - J. M. C.
Wilhelm Reich no Século XXI: de violência a globalização1.
Carlos Eduardo Cantusio Abrahão
eabrahao@br.inter.net
RESUMO
A partir da obra de Wilhelm Reich o autor procura resgatar sua contribuição ao homenageá-lo no cinqüentenário de sua morte, observando sua pertinência no atual contexto planetário.
Decorrido meio século ao início do século XXI, as “crianças do futuro”, às quais reservara com e-terno carinho a possibilidade da transformação das mazelas da cultura, não se submeteram na prática à profilaxia de neuroses, conforme preconizou Reich.
O autor avalia que ainda não obtivemos êxito na empreitada de um futuro melhor para as crianças como almejava Reich, tomando por base o acirramento exponencial de distúrbios sociais e todas as demais violências do mundo globalizado de hoje - em ameaça de "convulsão febril", que se espalham como praga, evidenciando uma terrível e ressonante peste emocional da humanidade.
PALAVRAS CHAVE: Psicologia Política. Psicologia de Massas. Economia Sexual. Profilaxia das Neuroses. Século XXI. Wilhelm Reich. Globalização.
1 Monografia apresentada como crédito parcial para obtenção do título de CBT (Certified Bioenergetic Therapist) no Curso de Especialização em Análise Bioenergética e Psicologia Clínica no Ligare - Centro de Psicoterapia Corporal, filiado ao Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo.
REFERÊNCIA:
ABRAHÃO, CARLOS EDUARDO C. Wilhelm Reich no século XXI: de violência a globalização.
Americana: Ligare, 2007.
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“A Albert Schweitzer que disse:
O Homem perdeu a sua capacidade de prever e prevenir.
Ele acabará destruindo a Terra”.
Raquel Carson, em "A Primavera Silenciosa".
Amor, trabalho e conhecimento2 são as fontes de nossa vida.
Deveriam também governá-la.
Wilhelm Reich
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
METODOLOGIA
DE GUERRAS A GLOBALIZAÇÃO
REICH COMO "PAI" DA REVOLUÇÃO SEXUAL
HUMANIDADE E NATUREZA, DENTRO E FORA DE SI
CRESCIMENTO URBANO E SOCIOPATIA DO SÉCULO XXI
VIOLÊNCIA: RESSONÂNCIA BIOPÁTICA DA PESTE EMOCIONAL
A ATUALIDADE REICHIANA: POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
2 Algumas edições da obra de Wilhelm Reich traduzidas para o português trazem sabedoria (n.a.).
REFERÊNCIA:
ABRAHÃO, CARLOS EDUARDO C. Wilhelm Reich no século XXI: de violência a globalização.
Americana: Ligare, 2007.
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Prefácio
Em 3 de novembro de 2007 completaram-se cinqüenta anos da morte de Wilhelm Reich (89). Nascido em 1897, contemporâneo e discípulo de Sigmund Freud, Reich é o pioneiro das abordagens corporais em psicoterapia, em decorrência de suas contribuições à medicina, psicanálise, psicossomática e à psicologia.
É uma data marcante para quem conhece e aprecia a contribuição de Reich ao conhecimento humano, e almeja que sua obra tenha o reconhecimento que merece, e por decorrência amplie seus frutos para as atuais e futuras gerações, as "crianças do futuro" no dizer dele, ainda que num contexto de intensificação de conflitos na civilização.
Ficou determinado por Reich em testamento que, por cinqüenta anos após sua morte, documentos seus ficassem guardados e armazenados, "para assegurar sua integridade contra a destruição e a falsificação por parte de qualquer interessado na falsificação e destruição da verdade histórica".
Estes documentos são de crucial importância para o futuro das gerações dos que acabam de nascer. Há muitas pessoas emocionalmente doentes que tentarão arruinar minha reputação independente do que possa ocorrer com os bebês, apenas para que suas vidas pessoais possam permanecer escondidas na escuridão de uma era refugada dos Stalin e dos Hitler (REICH apud Matthiensen3).
Como se observa, a uma primeira vista, alguém poderá encará-lo de certa forma arrogante, o que pode também ser tomado como seu apurado senso de responsabilidade histórica: Reich sabia ter contribuído por ter conseguido acesso a uma profunda concepção dos fenômenos vitais, e porque viveu o evidente despreparo da humanidade ao seu tempo para que as enxergasse, as visse, e compreendesse.
Pensa-se, portanto, que essa sua iniciativa (a de guardar documentos feitos secretos por períodos de tempo, iniciativa que não foi exclusiva dele na
3 Tradução para o português do testamento de Wilhelm Reich autorizada por Mary Higgins, curadora da sua obra (MATTHIENSEN, 2001) (44). Toda a obra de Reich, em função desse seu testamento, inclusive essa determinação dos cinqüenta anos, tem a curadoria da Wilhelm Reich Infant Trust Fund e do Wilhelm Reich Museum, cuja finalidade está voltada às “crianças do futuro”.
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história) relaciona-se ao reconhecimento por Reich, de que havia chegado a reflexões e conclusões à frente do seu tempo, que o contexto social e científico contemporâneos à sua época não pudesse compreender o seu trabalho, pelos motivos que expõe ao longo de sua obra. E mais, que a evolução da história, com essa “proteção lacunar de 50 anos”, permitiria um “assentar da poeira” levantada por suas descobertas, que podem agora receber nova valoração. Afinal, idéias novas levam tempo para serem aceitas.
Hoje, de fato, várias frentes de conhecimento abertas por Reich recebem um novo olhar, ainda que parte de suas idéias continue "indigesta" a determinados "comensais".
No entender de Myron Sharaf, seu destacado biógrafo, na luta pela vida, Reich "viu - e viu com ofuscante clareza - que havia perturbado o sono do mundo, mais fundamentalmente até que Freud ou Marx fizeram" (SHARAF, 1994, p.10) (76).
Desta forma, e em decorrência daquela data histórica, é relevante mencionar eventos que no decorrer do ano de 2007 destacaram e homenagearam o nome de Wilhelm Reich, evidenciando uma ampliação dos estudiosos de suas idéias, e da influência de seu pensamento de forma relevante, porque pertinente, nesta segunda metade da primeira década do século XXI.
Organizadores da Conferência do Instituto Internacional de Análise Bioenergética4 ocorrida em maio de 2007 aludem que pode ser interessante perguntar a nós mesmos "se Reich fosse vivo hoje, enfrentando todas esses novos desafios5, como ele os dirigiria no contexto da psicoterapia somática?" (IIBA, 2007) (31).
4 Instituição fundada por Alexander Lowen que congrega terapeutas neo-reichianos (VOLPI, 2003) (84). Ver também nota de rodapé 13.
5 "Self e Comunidade - criando conexões em tempos de ruptura: uma das principais preocupações no mundo da psicoterapia, no alvorecer do século XXI, é sua capacidade de formular conceitos, modelos teóricos, assim como intervenções clínicas que são adaptadas aos problemas e sofrimentos que nós encontramos hoje em dia nas nossas instituições e escritórios. Nosso mundo contemporâneo é confrontado com os novos desafios: Globalização, que nivela sistemas econômicos e reforça a abertura entre pessoas ricas e pobres; o empobrecimento de um segmento enorme da população do mundo levanta novas questões individuais e sociais: medo, insegurança, violência, marginalização, desemprego, solidão; os movimentos de emigração por todo o planeta levantam problemas de integração assim como questões de identidade cultural; depois da ascensão do feminismo, as questões do gênero vieram à tona e o relacionamento entre homens e mulheres está sendo redefinido, abrindo novas possibilidades para ambos os gêneros, mas criando também tensões que requerem soluções; o ritmo rápido da evolução das nossas sociedades tecnológicas está acontecendo em
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Entre 29 de julho e 1 de agosto ocorre em Rageley, no Maine (EUA), lugar amado por Reich, onde passou seus últimos anos na vida, a Conferência Internacional de Orgonomia de 2007: Wilhelm Reich no Século XXI (88) organizada pelo Museu Wilhelm Reich (79), para celebrar a vida e legado no qüinquagésimo aniversário de sua morte.
Na XX Jornada de Reich no SEDES (85) ocorrida em setembro é lançado "Educação e Liberdade em Wilhelm Reich" (SAMPAIO, 2007) (72) livro que traz na atualidade a possibilidade ou necessidade de se admitir e se aplicar as alternativas profundamente mais transformadoras apontadas por Reich na condução do ensino das crianças, preocupação cada vez mais significativa ao longo de toda a sua vida, e naturalmente atualíssima entre nós.
Ao mesmo tempo daquela jornada transcorre no Teatro Ruth Escobar também em São Paulo, a temporada de apresentação do "O Assassinato de Wilhelm Reich" (51), um monólogo teatral dedicado à vida e obra do autor a quem se dirige6, que constitui uma artística forma de divulgação ao público em geral, de sua vida.
detrimento de valores humanos e relacionais, etc. Durante o século 20, desde as primeiras descobertas de Freud, os problemas mudaram e não são menores de maneira nenhuma: os jovens estão em busca de identidade, eles se sentem freqüentemente perdidos e sem aspirações, muitos deles estão desconectados de seus sentimentos, vivendo num mundo virtual e tecnológico (jogos eletrônicos, bate-papos na Internet, websites, televisão, telefones celulares, etc.); há também um aumento no número de pessoas que foram abusadas fisicamente, sexualmente ou psicologicamente, que são vítimas de vários tipos de tratamento violento; medos profundos, originários das ameaças de várias situações dramáticas tais como mudanças climáticas, desastres naturais, guerra, desemprego, rupturas relacional e familial, solidão, isolamento, etc., parecem ameaçar nosso bem estar. Conseqüentemente nós, profissionais de ajuda (psicólogos, psiquiatras, psicoterapeutas, professores, etc) estamos enfrentando novos tipos de questões que precisam ser abordadas. Por isso devemos desenvolver as melhores ferramentas possíveis, expandir nossos conhecimentos e a compreensão dessas questões e criar melhores estratégias a fim de responder às necessidades imprevistas. O quadro pode parecer muito desolador, certamente. Entretanto, como o mundo está enfrentando várias crises e muitas mudanças, nós também podemos ver essas mudanças de graus como terra fértil para plantar e cultivar novas maneiras de ser, que conduzem a mais vida. Nós já não sabemos que é quando uma pessoa está fora de equilíbrio, por acontecimentos da vida ou por sua própria precária organização interna, que ela será incitada a enfrentar a situação, pesquisando seus recursos internos, saber mais quem é, e usar o melhor dela, restaurar o equilíbrio dentro de si e em seu ambiente".
6 Sinopse: Wilhelm Reich encontra-se num aposento lúgubre. Introspectivo, passa a sentir-se observado. Como se ouvisse vozes, inicia um monólogo que começa por questionar os motivos de sua prisão. Relembra sua infância e adolescência conturbada, sua relação com a psicanálise, o rompimento com Freud e as fugas dos países em que viveu para escapar das perseguições fascista e nazista; recorda-se de seus contemporâneos e tenta compreender a não aceitação de suas idéias pela burguesia. Diante de sua trajetória, pressente a sua morte e faz um paralelo entre o seu destino e o de outras pessoas que vivem ou viveram perseguidas por causa de suas idéias; relembra as denúncias que fez em "O Assassinato de Cristo" e enfatiza a praga emocional que assola a humanidade.
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ABRAHÃO, CARLOS EDUARDO C. Wilhelm Reich no século XXI: de violência a globalização.
Americana: Ligare, 2007.
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Em outubro de 2007 é lançado o livro "Organização Bibliográfica da Obra de Wilhelm Reich" sobre o qual a autora comenta que, "além dos preconceitos, Reich sofre com a não organização de sua obra, diferentemente do que ocorre com outros autores clássicos como, por exemplo, Sigmund Freud, cuja obra mereceu não apenas uma organização bibliográfica e cronológica dos títulos, como a que apresentamos neste livro, mas uma publicação nos moldes das 'Obras Completas' " (MATTHIENSEN, 2007, contracapa) (45).
Em 4 de novembro o tema da Conferência Anual de 2007 do Colégio Americano de Orgonomia7 foi "declínio e queda da psiquiatria moderna" onde "os atuais tratamentos mentais são contrastados com a proposta desenvolvida por Reich com apresentação de casos por orgonomistas que ilustram a efetividade do método" (6).
Em Berlim (Alemanha) ainda em novembro ocorre o "Congresso Internacional Wilhelm Reich: sexualidade e energia de vida" (32). No dia de sua morte (3 de novembro), por iniciativa do Instituto Wilhelm Reich de Viena (Áustria) (89), foi organizada pela Internet uma "ação respiratória" às 19 horas local, com orientação para acerto do fuso horário, para essa ressonância planetária em sua memória, convidando os colegas e amigos de todo o mundo a fazer exercícios respiratórios por 10 minutos, para "integrar universalmente, os interessados, quer por um motivo, quer por outro, em Wilhelm Reich", num movimento simbólico-energético segundo Sara Quenzer Matthiensen (47).
Um interessante exemplo de ressonância planetária (facilitada pela Internet), em torno de algo tão simples quanto fundamental para a preservação da vida, com destaque todo especial dado por Reich, ou seja, o se respirar de uma forma livre e desencouraçada.
Ao final de novembro, a vida de Wilhelm Reich, "deste pioneiro, excêntrico e polêmico cientista é lembrada em Viena com vários eventos culturais, entre os quais se destaca a exposição 'Sex! Wilhelm Pol! Reich Energy!' no Museu Judeu em Viena (34), que coincide com os 50 anos de sua morte". "Muitos documentos, até agora inacessíveis, tornam-se públicos pela primeira vez com esta exposição" afirmou o diretor do museu, Karl Albrecht-Weinberger, ao apresentar as 300
7 Orgonomia é a denominação dada por Reich ao estudo e manejo da energia orgone, descrita por ele.
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peças da exposição aberta até 9 de março" (LIDÓN, 2007) (36). A vida e o trabalho de Reich representados em documentos, fotos, trabalhos artísticos, materiais em áudio e vídeo, e objetos em três dimensões, bem como a instalação de um acumulador de energia orgone num local público próximo ao museu oferecendo acesso a Wilhelm Reich e seu trabalho foram anunciados através do Museu Wilhelm Reich para o evento, que se planeja ser exposto em novas jornadas através da Europa e Estados Unidos.
Os interessados em acompanhar os desdobramentos da abertura desses arquivos do Instituto Orgone fundado por ele podem fazê-lo através da página do Museu Wilhelm Reich na Internet (79). Suas atualizações a partir de janeiro de 2008 (80) apresentam destaques deste interessante momento.
Também em Viena patrocinada pela Sigmund Freud PrivatUniversität, na "Jornada de 50 anos após Wilhelm Reich" (78), ao final de outubro, foi apresentado "Aspectos da história de Wilhelm Reich de uma perspectiva Brasileira", em cujo programa o resumo da autora anuncia que:
Há várias possibilidades de investigação do trabalho de Wilhelm Reich, um médico determinadamente preocupado com a tríade sexualidade, crianças e educação. Quase desconhecido por muitas pessoas no mundo, Reich traz contribuições que necessitam uma organização didática, que pode ser dividida em dois momentos. Primeiro, ao se pensar sobre como as idéias de Reich fazem parte de nossas vidas hoje, procurando mostrar Reich como "autor" interferiu nos estudos acadêmicos brasileiros nos últimos anos, inspirando trabalhos em diferentes áreas do conhecimento. Segundo, baseados numa análise bibliográfica, verificar alguns dos aspectos essenciais do "homem" Reich, que inspirou suas elaborações teóricas e críticas, que hoje podem nos ajudar a pensar sobre as discussões do mundo contemporâneo (MATTHIENSEN, 2007) (42).
De fato, quanto ao primeiro ponto aventado pela autora, observa-se em 2007 no Brasil movimentos para inclusão curricular no ensino superior, destacadamente psicologia, das teorias de Wilhelm Reich e de seus sucessores, e de técnicas terapêuticas e psicoterapêuticas corporais decorrentes de sua teorização e práticas sobre a bioenergia, enquanto ancoragem biológica da libido como descrevem Freud e Reich.
Bioenergia humana tem sido objeto de interesse crescente em diversos campos do conhecimento hoje, 50 anos após Wilhelm Reich, fato que deve ser
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Americana: Ligare, 2007.
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salientado num contexto em que há ainda uma forte tendência de denegar-lhe pioneirismo, como na descrição da unidade funcional psicossomática na história da ciência moderna e outros tantos exemplos.
Os estudos e pesquisas com a orgonomia de Reich e suas aplicações, inclusive o controverso acumulador de orgone8 também se ampliam: obtém-se como resultado da pesquisa diversos trabalhos recentes em diferentes países. Pesquisas por exemplo em laboratório de biofísica orgone (DE MEO) (17), e orgonomia enquanto uma "nova forma de fazer ciência" (BEDANI) (9), na complexidade contemporânea (MALUF JUNIOR) (41).
O saber em constante movimento permeia as psicoterapias e terapias corporais numa rede em que o nome de Wilhelm Reich é um ponto primordial. Neste sentido e no contexto aqui apresentado devo menção ao trabalho organizado por José Guilherme Oliveira e Henrique Rodrigues que traz um panorama em formato de CD-ROM e atualização pela Internet das contribuições e da atualidade de Wilhelm Reich às psicoterapias corporais (OLIVEIRA) (52). Em seu conteúdo destaco a quem se interessa pela pesquisa o esboço de uma representação gráfica dos múltiplos pensamentos que exerceram influência sobre o desenvolvimento das idéias reichianas e, simultaneamente, do impacto que suas contribuições teóricas exerceram sobre a linha de psicoterapias corporais subseqüentes a Wilhelm Reich (SIGELMANN e OLIVEIRA) (77).
As dimensões social e política da psicologia - tão salientadas por Reich, vêm recebendo crescente ampliação da produção científica relacionada as essas suas contribuições nos últimos anos, de uma certa forma sua re-qualificação na história das idéias, podendo-lhe caber ser chamado de "iluminista do futuro" (LASKA, 2004) (35), juntamente com La Mettrie e Stirner9.
8 O acumulador de orgone foi descrito por Reich entre 1936 e 1939, e acabou sendo a principal controvérsia pela qual foi preso em 1957 ao descumprir um mandato de comparecimento ao júri por ordem da "Food and Drug Administration - FDA" (Administração de Alimentos e Medicamentos) nos Estados Unidos da América.
9 La Mettrie, Stirner & Reich, três iluministas radicais, desprezados pelos iluministas 'populares'; La Mettrie no século XVIII mediante Voltaire, Diderot et al.; Stirner no século XIX mediante Marx, Nietzsche et al.; Reich no século XX mediante Freud, Freudo-marxistas et al.; três figuras chave para uma compreensão mais aprofundada do declínio da realidade e da idéia do iluminismo; o projeto LSR - não um histórico, um projeto parafilosófico. La Mettrrie, Stirner, Reich, três iluministas para o futuro. Disponível em: <http://www.lsr-projekt.de/poly/pt.html>. Acesso em: 28 jan. 2008.
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ABRAHÃO, CARLOS EDUARDO C. Wilhelm Reich no século XXI: de violência a globalização.
Americana: Ligare, 2007.
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A presente monografia inspira-se no contexto do segundo momento acima definido por Sara Quenzer Matthiensen, ou seja, aspectos do pensamento de Reich que podem nos ajudar a pensar sobre o mundo contemporâneo.
Introdução
Decorrente da história pessoal e da contribuição de sua obra à humanidade, Wilhelm Reich suscitou polêmicas que perduram, persistindo também preconceitos, exclusão ou omissão de seu nome na comunidade científica e acadêmica mundial, o que é inadequado ao se considerar toda sua contribuição, que tem evidentes frutos na história que lhe sucedeu, a partir de suas reflexões e propostas para a humanidade.
Controvérsia, calúnia e maledicência são o que não falta para a figura histórica de Wilhelm Reich, o que ele mesmo previu e descreveu como a “peste emocional” agindo contra a defesa de “uma saída para a humanidade”.
O preconceito pestilento que levou o poder público a determinar umas das últimas queimas de livros do século XX (não tenho notícia de outras depois) ocorrida entre 1956 e 1962, constituiu-se em violação constitucional nos EUA à época (SCHOCH, 1995) (75), o que, ao lado de uma truculenta prisão, traz o nome de Wilhelm Reich ao silêncio que perdura, mas também se reverte. A difamação caluniosa perseguiu o homem e cidadão planetário Wilhelm Reich da Europa aos Estados Unidos. Taxá-lo de paranóico é um ataque que reverberou no âmbito da fofoca, numa ressonância maligna da calúnia dissimulada que infelizmente adentra ao século XXI. Continua poderosa, controlando pelos cantos, encontra terreno fértil numa mentalidade de "big-brother".
A polêmica em torno de Reich decorre das implicações de suas teorias, descobertas e afirmações, por terem potencial "desestabilizador" dos sistemas de controle ideológico, crenças, valores e tradição, fortemente arraigados na história da humanidade. Por sua vez, esses controles seriam determinantes de uma cultura que leva a civilização a um "beco-sem-saída", como se observa de sua asserção e visão de mundo. Tem também o componente do pioneirismo, que ao
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apontar para o inusitado, sofre o descrédito e a descrença do "Zé Ninguém!"10 (65).
Na visão de Reich, os sistemas ideológicos hegemônicos passados e atuais necessitam profunda modificação para que a civilização possa caminhar no sentido da sua verdadeira humanidade, inteligência, auto-regulação, respeito à vida, e não no da destruição, da guerra, dos crimes e todas as demais formas de violência, da neurose em massa, para a qual propõe profilaxia.
A visão reichiana de homem é uma visão otimista. Reich acreditava que todo ser humano poderia ser saudável e, como conseqüência, poderia nos oferecer uma sociedade mais saudável, onde os valores humanos pudessem ser respeitados. Reich nos mostra como o próprio ser humano se auto destrói, como o meio social influi nesse processo. Mas sua visão de homem é uma visão saudável. Para isso, ele nos aponta novos caminhos e direções (PILIZZARO, 2002) (55).
No prefácio de "Nos Caminhos de Reich" David Boadella (BOADELLA, 1985) (10) escrevia em 1972 que ele "dizia muitas vezes que havia descoberto 'em excesso'. Sua atividade psiquiátrica rompeu fronteiras estabelecidas, levando-o à sociologia e à biologia. Seus estudos conduziram-no do organismo aos limites da atmosfera e finalmente às implicações planetárias da ecologia humana, onde o problema da poluição se tornou a preocupação principal".
É de interesse, portanto, destacar-se o pensamento reichiano e suas idéias neste momento em que conflitos recrudescem na civilização, e em que suas idéias e concepções merecem ser revistas no atual contexto. Nesses cinqüenta anos que se passaram após o falecimento de Reich grandes questões relevantes podem ilustrar a evolução do texto e do contexto para o psicoterapeuta que se olha e olha seus pacientes inseridos no mundo, e a todos os demais interessados.
10 "Escute Zé Ninguém!" é obra peculiar de Wilhelm Reich. Como chamar a atenção para todos e cada um, restando o ninguém, para quem se dirige? No seu prefácio Reich inicia: "ESCUTE, ZÉ-NINGUÉM! é um documento humano, não científico. Foi escrito no verão de 1946 para os Arquivos do Orgone Institute. Naquela época não havia nenhuma intenção de publicá-lo. Ele reflete o conflito interior de um médico e cientista que havia observado o zé-ninguém por muitos anos, vendo, a princípio com espanto e depois com horror, o que ele faz a si mesmo: como sofre, como se rebela, como valoriza seus inimigos e mata seus amigos: como, sempre que adquire poder 'em nome do povo', utiliza-o mal e transforma-o em algo mais cruel do que a tirania que sofrera anteriormente, nas mãos de sádicos da classe dominante. Este apelo ao zé-ninguém foi uma resposta silenciosa às intrigas e à calúnia". (grifo do autor)
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Americana: Ligare, 2007.
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Espero mais que instigar uma curiosidade: que a motivação para a leitura de Wilhelm Reich com este trabalho mobilizem o leitor.
Faço um breve resgate histórico desde a época de Reich, com comentários sobre alguns eventos e fatos de interesse, até a atual globalização da cultura-civilização. São temas que de alguma forma compareceram enquanto reflexão-ação em sua vida e obra, e que podem ter desdobramentos e implicações atuais daí decorrentes, a critério do leitor.
Destaco a seguir a violência globalizada sob uma perspectiva reichiana, suscitando a busca de novas possibilidades no trato do fenômeno, concluindo pela admissibilidade da contribuição da economia sexual de Wilhelm Reich numa nova globalização.
Objetivos
1.
Contribuir para divulgar e ampliar a compreensão do pensamento reichiano, estimulando seu conhecimento e leitura, ao homenageá-lo no cinqüentenário de sua morte.
2.
Buscar a concepção reichiana do fenômeno da destruição, a partir da generalização, intensificação e globalização de conflitos na humanidade, destacadamente a violência endêmico-epidêmica multiforme, que se amplia e se diversifica na civilização globalizada de um planeta "febril" no início do século XXI.
3.
Trazer a visão reichiana de questões da civilização cuja análise permanece atual.
4.
Reafirmar à curadoria do legado de Reich a sugestão para que esta fomente o tratamento atualizado (incluindo o material recém aberto) de uma edição como "Obras Completas de Wilhelm Reich" com recursos de mídia e Internet, em diferentes línguas (incluindo o esperanto), de forma semelhante e aprimorada ao que foi feito com a de Sigmund Freud (22), para facilitar e ampliar sua leitura e utilização (MATTHIENSEN, 2007) (45).
Metodologia
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Foram feitas revisão de literatura, consultas a bases de dados e sistemas de buscas de páginas eletrônicas disponíveis na rede mundial de computadores - Internet, onde “Wilhelm Reich” foi solicitação predominante.
Foram também buscados e selecionados artigos e matérias relacionadas a W. Reich em páginas institucionais na Internet, que de alguma forma contemplam a difusão e aplicação das suas idéias.
A ordenação das referências foi feita de forma híbrida entre sistemas alfabético e numérico para facilitar o manejo eletrônico intratexto e do acesso às referências na Internet, quando disponíveis.
Os números de referências bibliográficas estão sempre entre parênteses e em hipertextos11 dirigidos a elas no capítulo das referências bibliográficas. Os números das notas de rodapé inseridas ao longo do texto não aparecem entre parênteses.
De guerras à globalização.
Há cem anos atrás a sociedade mundial estava já aproximadamente configurada nos moldes ao que vive hoje sob os aspectos de economia, moral e da política.
Em "Moral Sexual Civilizada e Doença Nervosa Moderna" Freud (1908) (23) afirma a existência de um aumento da doença nervosa que se difunde rapidamente na sociedade contemporânea, e cita W. Erb (1893) para relacioná-la com a "moderna vida civilizada"12.
11 Hipertexto: [De hiper- + texto; do ingl. hypertext.] S. m. 1. Forma de apresentação ou organização de informações escritas, em que blocos de texto estão articulados por remissões, de modo que, em lugar de seguir um encadeamento linear e único, o leitor pode formar diversas seqüências associativas, conforme seu interesse. 2. Conjunto de textos estruturados ou organizados dessa forma, e ger. implementado em meio eletrônico computadorizado, no qual as remissões correspondem a comandos que permitem ao leitor passar diretamente aos elementos associados. (Dicionário Aurélio Século XXI)
12 "As extraordinárias realizações dos tempos modernos, as descobertas e as investigações em todos os setores e a manutenção do progresso, apesar de crescente competição, só foram alcançados e só podem ser conservados por meio de um grande esforço mental. Cresceram as exigências impostas à eficiência do indivíduo, e só reunindo todos os seus poderes mentais ele pode atendê-las. Simultaneamente, em todas as classes aumentam as necessidades individuais e a ânsia de prazeres materiais; um luxo sem precedentes atingiu camadas da população a que até então era totalmente estranho; a irreligiosidade, o descontentamento e a cobiça intensificam-se em amplas esferas sociais. O incremento das comunicações resultante da rede telegráfica e telefônica (*) que envolve o mundo, alteraram completamente as condições do comércio. Tudo é pressa e agitação. A noite é aproveitada para viajar, o dia para os negócios, e até mesmo as ‘viagens de
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Com 11 anos naqueles idos de 1908, Reich iria viver mais quase meio século em tumultuados anos da história, passando pela revolução comunista e duas guerras mundiais, na segunda delas com o repudiado uso da então recém descoberta bomba atômica (nuclear) sobre população civil no Japão (Hiroshima e Nagazaki).
“O austríaco Wilhelm Reich participou ativamente da vida científica, cultural e política da primeira metade do século XX. Combatente na I Guerra Mundial, membro da Associação Psicanalítica Internacional de 1920 até 1934, militante do Partido Comunista Alemão no início dos anos 30, Reich produziu uma vasta obra vinculada a vários ramos e objetos do conhecimento: técnica psicoterapêutica, sexualidade, educação, psicologia política” (ALBERTINI, 2003) (4).
Reich veio a falecer em 3 de novembro de 1957 após produzir intensamente até o seu último momento, ao final de um século de onde decorrem transformações cada vez mais profundas na civilização e no planeta que nos contém.
O fenômeno da guerra foi objeto de textos de Sigmund Freud (24) (26), e comunicações (por cartas) dele com Albert Einstein (25).
Reich, que se pronunciou sobre a guerra desde seu alistamento e ida aos campos da primeira guerra mundial (1914-1918), questionava a insanidade da guerra na civilização, e de como os jovens seguiam morrendo e matando, como cegos, subservientes à autoridade e à pátria, conforme relata em sua "Paixão de Juventude: uma autobiografia" (70).
Reich manifestou-se de forma profunda sobre a "Psicologia de Massas do Fascismo" (70) militando no marxismo-leninismo florescente à sua época, à
recreio’ colocam em tensão o sistema nervoso. As crises políticas. industriais e financeiras atingem círculos muito mais amplos do que anteriormente. Quase toda a população participa da vida política. Os conflitos religiosos, sociais e políticos, a atividade partidária, a agitação eleitoral e a grande expansão dos sindicalismos inflamam os espíritos, exigindo violentos esforços da mente e roubando tempo à recreação, ao sono e ao lazer. A vida urbana torna-se cada vez mais sofisticada e intranqüila. Os nervos exaustos buscam refúgio em maiores estímulos e em prazeres intensos, caindo em ainda maior exaustão. A literatura moderna ocupa-se de questões controvertidas, que despertam paixões e encorajam a sensualidade, a fome de prazeres, o desprezo por todos os princípios éticos e por todos os ideais, apresentando à mente do leitor personagens patológicas, propondo-lhe problemas de sexualidade com psicopatia, temas revolucionários e outros. Nossa audição é excitada e superestimada por grandes doses de música ruidosa e insistente. As artes cênicas cativam nossos sentidos com suas representações excitantes, enquanto as artes plásticas se voltam de preferência para o repulsivo, o feio e o estimulante, não hesitando em apresentar aos nossos olhos, com nauseante realismo, as imagens mais horríveis que a vida pode oferecer”(ERB, W. 1893, apud FREUD, 1908) (23). (*) hoje Internet [n.a].
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procura de uma compreensão natural ou biológica do funcionamento psicológico do indivíduo e da sociedade. Procurou o fio condutor comum à esquerda e à direita, re-significando no contexto de seu pensamento, o conceito de pulsão (instinto) de morte, trazendo a hipótese de que a vida sempre floresce pulsante, mas que o modo operativo da civilização e cultura seria o condutor de destruição, da neurose e do distanciamento do animal humano da força criativa natural, com a qual, segundo ele, todos os sistemas vivos - pulsáveis e vibrantes, nascemos.
O patriarcado, a tradição, a moral repressiva e a religião, através de uma psicologia política, formatariam o modo de ser irracional da humanidade, vulnerável, ator e sujeito da peste emocional, humanidade essa bloqueada socialmente desde o nascedouro na sua naturalidade e simplicidade da pulsação vital, impedindo a espontânea - porque natural - busca do amor e do prazer.
Em 1997, aos cem anos de nascimento, no artigo "Wilhelm Reich: da psicanálise à medicina da energia", David Boadella informa que ele (Reich) "sabia que a formação do caráter reflete um condicionamento cultural, logo tornando-se com Otto Fenichel uma figura chave na esquerda da psicanálise, com uma apurada consciência das origens sociais da neurose. Reich tornou-se um socialista, e aplicou o pensamento marxista dialético materialista na relação entre caráter e cultura, a estrutura psíquica e a psicologia individual e de massa dos grupos sociais" (BOADELLA, 1997) (11), tendo escrito Materialismo Dialético e Psicanálise (65).
No seu modo de pensar, Reich descreve a "peste emocional" da humanidade13, que a faria, desde o patriarcado, procurar evitar sistematicamente toda possibilidade de acesso às raízes de uma transformação verdadeiramente autonômica da liberdade, e no sentido de uma re-construção de valores e olhares, para uma globalidade não perversa ou excludente, uma outra "felicidade", não
13 "Podemos definir a peste emocional como um comportamento humano que, com base numa estrutura de caráter biopática, age de uma maneira organizada ou típica em relações interpessoais, isto é, sociais, e em instituições. [...] Vamos apresentar, resumidamente, algumas áreas típicas em que ela ou é cronicamente exaltada ou pode aparecer de modo agudo. Logo veremos que é precisamente nas esferas mais importantes da vida que a peste emocional se manifesta: misticismo em sua forma mais destrutiva; sede de autoridade passiva e ativa; moralismo; biopatias do sistema nervoso autônomo; política partidária; peste familiar, a que chamei 'familite'; métodos sádicos de educação; tolerância masoquista desses métodos ou revolta criminosa contra eles; fofoca e difamação; burocracia autoritária; ideologias de guerra imperialista; tudo o que entra no conceito americano de racket (negociata); criminalidade anti-social; pornografia; agiotagem; ódio racial" (REICH, 2001, p. 464) (62).
REFERÊNCIA:
ABRAHÃO, CARLOS EDUARDO C. Wilhelm Reich no século XXI: de violência a globalização.
Americana: Ligare, 2007.
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hedonista ou somente de consumo e ímpetos de atuação psicopática a partir de impulsos secundários "produzidos pela supressão da vida natural, e em contradição com a sexualidade natural" (REICH, 1982, p. 16) (61).
Reich acabou acreditando que a doença mental, a doença física e os problemas "sociais" (como a guerra, a violência e o crime) eram o que ele chamou de Praga Emocional. A energia bloqueada, a couraça e rigidez resultantes dela impedem as pessoas de crescer e fluir naturalmente. Achava que a repressão sexual estava no centro dessa couraça. Pessoas reprimidas e sociedades reprimidas teriam uma camada de intolerância e de comportamento persecutório que irromperiam violentamente de tempos em tempos. (HILTON, 2006, p.19-20) (30).
Depois das grandes guerras mundiais e da guerra fria, a guerra do Vietnã e tantas outras guerras, a transformação soviética com a formação comunista se restringe hoje ao comunismo chinês, engolido pelo capitalismo da vida real globalizada: em março de 2007 o Congresso Nacional da China habilita a propriedade individual privada e em 19 de fevereiro de 2008 Fidel Castro renuncia ao comando da Ilha de Cuba. Fidel o grande líder ditador tido como mito vivo, o "führer" de uma massa desvalida, na mídia do século da mundialização é apresentado re-significando o fim do socialismo.
O purismo leninista degenerou-se numa ditadura stalinista, o nazi-fascismo no "nacional" socialismo, que desemboca no genocídio de judeus, que lutam hoje de forma sangrenta para a preservação do estado de Israel. Catástrofes russa e germânica no dizer de Reich, agora palestina. Apesar dos protestos a invasão e a guerra EUA-Iraque mantém acesa a chama do ódio e o seu poderio bélico. Num balanço recente, um em cada cinco lares iraquianos perdeu ao menos um membro de sua família por causa da violência: "Acreditamos que o número de mortos entre março de 2003 e agosto de 2007 chegue a 1.033.000" informou um instituto (Correio Popular, 2008) (33).
Reich afastou-se da militância de esquerda ao constatar que ela se degeneraria em seus princípios. Uma degeneração pestilenta do marxismo, ao que parece, que a história confirmou.
REFERÊNCIA:
ABRAHÃO, CARLOS EDUARDO C. Wilhelm Reich no século XXI: de violência a globalização.
Americana: Ligare, 2007.
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Com a queda do muro de Berlim (1990) a revolução soviética conclui seu ciclo histórico abortado, e a hegemonia capitalista mundializada em meio a uma acelerada revolução tecnológica e de comunicação se instala no século XXI.
Poder e governança global, posicionamentos frente a questões como a do terrorismo e da guerra, e todas as demais violências emergentes após a queda do Muro (de Berlim) e o "fim da guerra fria", tudo sinalizando a entrada da globalização capitalista hegemônica atual. Toda uma psicologia política controla as massas que sustentam e ressonam nesses processos da cultura na globalidade.
A corrida armamentista genocida contínua é justificada sob a influência mística do bem e do mal, da defesa de uma salvação tão mítica quanto fanática da humanidade, nos diversos lados. Realinhamento de blocos político-religiosos e econômicos dos países em torno da inusitada ampliação do risco de novo holocausto nuclear (EUA - Iraque, demais alinhamentos dos blocos) superam pela força as negociações que seriam "de paz", ignorando a Organização das Nações Unidas.
Em âmbito sociológico pensar hoje nas questões das relações familiares e de trabalho e da sexualidade humana à luz da economia sexual de Wilhelm Reich, religião e religiosidade, de onde comparecem aqui e acolá e de forma mais ou menos ostensiva, os desvios da pedofilia e agravamento da pornografia (descrita por ele como perversão da sexualidade natural), da drogadição e dos abusos, da competitividade perversa e poder de políticos, passando pela corrupção e pelas perdas contínuas de vidas nas guerras e guerrilhas, nos conflitos étnicos, nos homens-bomba, nos assassinatos, nos acidentes potencialmente evitáveis, e uma barbárie humana no coração das cidades. Vicissitudes que configuram o bem e o mal estar em Terra neste momento da vida no e do planeta.
No dizer de Odila Weigand,
Nesse vazio, onde se instala o Tédio, chega a tecnologia e principalmente a televisão, cultuada como referência dominante. Hoje a cultura da mídia é a cultura que domina, que organiza as formas sociais, substitui as manifestações culturais, faz a cidadania enxergar o mundo sob sua ótica, nas suas
REFERÊNCIA:
ABRAHÃO, CARLOS EDUARDO C. Wilhelm Reich no século XXI: de violência a globalização.
Americana: Ligare, 2007.
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lentes, com seus vieses. As mídias, hoje, principalmente a televisão, detém o poder de fazer crer e fazer ver. Seus ícones substituem os arquétipos do imaginário, são árbitros de valores e aceitação, de gosto e medida... (WEIGAND, 2007) (86).
jorge martins
Enviado por jorge martins em 11/09/2015


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