Jorge Martins Cardoso

 

Um eterno aprendiz



Textos

A LIBERDADE... O CONHECIMENTO... A ARTE... O PREÇO... O TEMPO... "MICROCEFALIA: Rubéola, ZIKA vírus ou outras causas? (5ª e última parte do 1º livro).


AUTO-HEMOTERAPIA, Dr. Fleming e os antibióticos...



Artigo Extra.




MICROCEFALIA: Rubéola, Zika vírus ou outras causas?



5ª parte.




O que nos ensinam alguns livros de MEDICINA.



30º Capítulo do LIVRO de MICROBIOLOGIA MÉDICA: Doenças por VÍRUS Transmitidas por ARTRÓPODES (ARBOVÍRUS).



     Os VÍRUS transmitidos por ARTRÓPODES ou ARBOVÍRUS (de: “arthropod-borne”) caracterizam-se pelo fato de se multiplicarem nos ARTRÓPODES, sem produzir doença ou qualquer lesão aparente nos tecidos destes animais. A transmissão do VÍRUS ao homem, outros mamíferos, ou aves, processa-se através da PICADA do ARTRÓPODE; o VETOR, por sua vez, infecta-se pela ingestão do sangue de um hospedeiro no qual o VÍRUS esteja circulando.
     Os ARBOVÍRUS são prevalentes em regiões do Globo com florestas tropicais chuvosas. Isto é compreensível, em função das condições climáticas favoráveis e da abundância, em espécie e também em número, de tipos de insetos e animais.
     Todos os ARBOVÍRUS estudados mostraram conter RNA. Entre 154 ARBOVÍRUS testados, todos, com exceção de quatro (Nodamura, doença africana dos cavalos, língua azul e doença epizoótica hemorrágica dos cervos) são inativados pelo éter ou pelo desoxicolato de sódio. As estimativas sobre o tamanho mostram uma variação entre 20 a mais de 150 milimícron de diâmetro, porém a
maioria situa-se entre 20 e 60 milimícron.
     O GRUPO ARBOVÍRUS consiste de cerca de 200 vírus diferentes, que são presentemente classificados em vários grupos, de acordo com suas relações antigênicas.
1º - GRUPO A – Estes vírus são significativamente maiores do que os arbovírus do GRUPO B. Os vírus das encefalites equina do Oeste, equina do Leste e equina da Venezuela têm sido os representantes do GRUPO A, que foram os mais estudados. Outros representantes incluem o Mayaro (Trindade, Brasil, Bolívia), Semliki (África), CHIKUNGUNYA (África, Sudeste Asiático), Sindbis (África e Índia), Aura e Una (Brasil), Getah (Maleia), Ross River (Austrália),  Whataroa (nova Zelândia), Middelburg (África do Sul) e O’nyong-nyong (Uganda). O vírus O’nyong-nyong causou, em 1960, na África Central, uma epidemia de doença dengue-símile, atingindo a 750.000 casos.
     Observações do escriba: 1º - Neste LIVRO, confirmamos que o vírus CHIKUNGUNYA é um ARBOVÍRUS, pertencente ao GRUPO A, e que existe na África e no Sudeste Asiático há muito tempo. 2º - O presente LIVRO foi publicado no ano de 1970, portanto há 45 anos.  
2º - GRUPO B – Os vírus da encefalite japonesa, St. Louis e de “Murray Valley” apresentam reação cruzada entre si, e com os vírus da febre do Oeste do Nilo, com o vírus brasileiro Bussuquara, e com o vírus da glândula salivar do morcego dos Estados Unidos e, em menor grau, com os vírus da febre amarela e do dengue. O vírus da encefalite verno-estival russa apresenta reação cruzada com o vírus da doença da Floresta Kyasanur, agente etiológico de uma doença grave (muitas vezes fatal) do homem e macacos, na Índia, com o vírus da febre hemorrágica de Omsk, e com o do “louping ill”, agente etiológico de uma doença de carneiros que ocorre em certas áreas da Escócia e condados do norte da Inglaterra. O vírus russo cruza em grau menor com outros membros do GRUPO B onde se incluem os VÍRUS ZIKA, Uganda S, Ntaya e Ilhéus.
     Observação do escriba: Fica confirmada a existência do VÍRUS ZIKA (ou ZIKA vírus), como sendo um ARBOVÍRUS do GRUPO B, encontrado na natureza há muito tempo.
    3º - GRUPO C – Um grupo de arbovírus isolado do homem, de macacos “sentinela” e de MOSQUITOS em Trindade, Panamá, na Flórida (Everglades) e na floresta amazônica, perto de Belém.
     4º - GRUPO BUNYAMWERA – Um grupo de arbovírus isolados de MOSQUITOS em diferentes partes do Globo.
     5º - FEBRE POR FLEBÓTOMO (“birigui, MOSQUITO-PÓLVORA, MOSQUITO-PALHA”) – Existem 10 integrantes do grupo, quatro dos quais implicados em síndromes associadas com doença febril do homem.
     6º - GRUPO CALIFÓRNIA – Existem 11 integrantes do grupo, 8 dos quais isolados nos Estados Unidos.
     7º - OUTROS GRUPOS – Representam uma miscelânea  de 16 pequenos grupos. Do ponto de vista de associação com doença humana ou animal os mais importantes são os da febre hemorrágica argentina (Junin), febre hemorrágica boliviana (Machupo), língua azul e doença africana dos cavalos.
     8º - Existem ainda cerca de 50 outros vírus não relacionados entre si nem com qualquer outro agente com que tenham sido comparados. Incluem-se aí os vírus que causam a febre do carrapato do Colorado, a febre hemorrágica da Criméia, a febre de “Rift Valley” e a doença dos carneiros de Nairobi. Ainda que a maioria dos grupos sejam antigenicamente diversos, fracas relações antigênicas podem ser observadas entre os grupos através de alguns de seus membros pelas relações cruzadas de inibição de hemaglutinação, fixação de complemento ou testes de neutralização.  
     ENCEFALITES POR ARBOVÍRUS – A ENCEFALITE pode ser produzida por grande variedade de VÍRUS NEUROTRÓPICOS. Estes agentes produzem uma infecção, muitas vezes sob forma epidêmica, em que os achados clínicos principais são derivados do comprometimento CEREBRAL e MEDULAR. Várias destas doenças de epidemiologia semelhante foram grupadas como ENCEFALITES TRANSMITIDAS POR ARTÓPODES.  Se bem que tenham muito em comum, sua distribuição geográfica é muitas vezes bastante diversa...
     (...) Outros vírus, tais como os da febre amarela, dengue e febre do Oeste do Nilo, possuem antígenos comuns com certos vírus de ENCEFALITE, e também se comportam como VÍRUS NEUROTRÓPICOS, em certos animais experimentalmente infectados. Entretanto, as doenças produzidas por eles no homem, NÃO SÃO, PRIMARIAMENTE, DOENÇAS do SISTEMA NERVOSO.
     Vários vírus, como Ntaya, ZIKA, Bunyamwera, CHIKUNGUNYA, Ilhéus e Turlock, recentemente isolados de mosquitos nos trópicos e subtrópicos, também se comportam como NEUROTRÓPICOS em animais de laboratório, mas pouco se sabe com relação à doença natural que eles causam...
     (...) A ENCEFALITE (ou MENINGENCEFALITE) pode também surgir como complicação de diversas doenças (sarampo, caxumba, hepatite infecciosa, varíola, varicela, herpes zóster, herpes simples e outras) causadas por vírus outros que não os NEUROTRÓPICOS. Em tais circunstâncias, a invasão do SISTEMA NERVOSO pode ser secundária à invasão de algum tecido, e por este motivo foram chamadas de ENCEFALITES “pós-infecciosas”.
     FEBRE HEMORRÁGICA – A FEBRE HEMORRÁGICA foi assinalada na Sibéria, Ásia Central Soviética, no Leste e no Norte da Europa, no Sudeste da Ásia e na América do Sul. Nos Estados Unidos, pela primeira vez, despertou atenção generalizada durante os primeiros anos da década de 1950, quando tropas americanas, em luta na Coréia, apresentaram um surto de FEBRE HEMORRÁGICA da Coréia.
     Foram recentemente sugeridas três categorias para a classificação das FEBRES HEMORRÁGICAS: 1ª – FEBRES HEMORRÁGICAS transmitidas por carrapatos. 2ª – FEBRES HEMORRÁGICAS transmitidas por MOSQUITOS, ligadas ao vírus do DENGUE ou CHIKUNGUNYA (Filipinas, Sião, Cingapura, e FEBRE HEMORRÁGICA Indiana). 3ª – FEBRES HEMORRÁGICAS zoonóticas (nefroso-nefrite HEMORRÁGICA coreana, FEBRE HEMORRÁGICA argentina e FEBRE HEMORRÁGICA boliviana).
     As características clínicas comuns das FEBRES HEMORRÁGICAS epidêmicas incluem FEBRE, exantema HEMORRÁGICO, HEMORRAGIA gastrintestinal, nasal e uterina, hipotensão, prostração, manifestações para o lado do SISTEMA NERVOSO CENTRAL, e TROMBOCITOPENIA. Com exceção da nefrite HEMORRÁGICA, todas as outras formas de FEBRE HEMORRÁGICA provocam LEUCOPENIA.  
     Baseado nas informações deste LIVRO, tomamos conhecimento de que o ZIKA VÍRUS se comporta como NEUROTRÓPICO (SNC) em animais de laboratório, e que, o CHIKUNGUNYA VÍRUS, além de NEUROTRÓPICO (SNC) provoca FEBRE HEMORRÁGICA.  

     A luta contra a debilitante POLIOMIELIE (paralisia infantil) continua, e, a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.
     Se DEUS nos permitir voltaremos outro dia. Boa leitura, boas festas natalinas e bom dia.

Aracaju, domingo, 20 de dezembro de 2015.

Jorge Martins Cardoso – Médico – CREMESE – 573.



     Fonte: (1) – LIVRO de MICROBIOLOGIA MÉDICA, Editora Guanabara Koogan S. A. – Rio de Janeiro, GB – 1970 – 8ª Edição Americana – 2ª Edição Brasileira – (535 páginas). As informações do presente artigo constam nas páginas 373, 374, 375 e 386. Autores: 1º - ERNEST JAWETZ, PH. D., M.D. – Professor of Microbiology and Chairman; Department of Microbiology; Professor of Medicine, Lecturer in Pediatrics; University of Califórnia School of Medicine San Francisco. 2º - JOSEPH L. MELNICK, PH. D. – Professor of VIROLOGY and Epidemiology; Baylor University College of Medicine Houston, Texas. 3º - EDWARD A. ADELBERG, PH. D. – Professor of Microbiology and of MOLECULAR BIOPHYSICS. Director, Division of Biological Sciences, Yale University.  


P. S. – Nos próximos artigos considerações do 2º LIVRO.


jorge martins
Enviado por jorge martins em 20/12/2015


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