Jorge Martins Cardoso

 

Um eterno aprendiz



Textos

A LIBERDADE... A VIDA... "TEORIA da CONSPIRAÇÃO" - 2ª parte.




AUTO-HEMOTERAPIA, Dr. Fleming e uma PANACEIA...*


Artigo Extra.



TEORIA da CONSPIRAÇÃO (2ª parte).





ORIGENS PSICOLÓGICAS.



     De acordo com alguns psicólogos, uma pessoa que crê em uma teoria da conspiração tende a acreditar em outras.
     Outros psicólogos acreditam que a busca pelo sentido é comum no conspiracionismo e para o desenvolvimento de teorias conspiratórias e pode ser, por si só, poderoso o suficiente para levar à primeira formulação da ideia. Uma vez conhecidos, o viés de confirmação e a fuga de dissonância cognitiva podem reforçar a crença.
     Em um contexto onde uma teoria da conspiração se tornou popular dentro de um grupo social, o reforço comunal pode igualmente desempenhar um papel. Algumas investigações feitas na Universidade de Kent (Reino Unido) sugerem que as pessoas podem ser influenciadas por teorias da conspiração sem estarem cientes de que suas atitudes mudaram.
     Após lerem teorias conspiratórias populares a respeito da morte de Diana, Princesa de Gales, os participantes deste estudo estimaram corretamente o quanto as atitudes de seus pares se alteraram, porém, subestimaram significativamente o quanto suas próprias atitudes haviam mudado para ficarem mais a favor das teorias.
     Os autores concluem que as teorias conspiratórias podem, assim, possuir um "poder oculto" para influenciar as crenças das pessoas.
     Um estudo publicado em 2012 também constatou que teóricos de conspiração acreditam frequentemente em múltiplas conspirações, mesmo quando uma contradiz a outra.
     Por exemplo, pessoas que acreditam que Osama Bin Laden foi capturado vivo pelos americanos também estão propensas a acreditar que, na realidade, Bin Laden havia sido morto antes da invasão de 2011 a sua casa em Abbottabad, Paquistão, apontou o estudo.
     Em um artigo de 2013 publicado na revista Scientific American Mind, o psicólogo Sander van der Linden argumenta que existem evidências científicas convergentes de que (1) as pessoas que acreditam numa conspiração são susceptíveis a aderirem a outras (mesmo quando contraditórias entre si); (2) em alguns casos, a ideação conspiratória tem sido associada com a paranoia e esquizotipia; (3) as visões de mundo conspiracionistas tendem a provocar a desconfiança de princípios científicos bem estabelecidos, como a associação entre tabagismo e câncer ou entre o aquecimento global e as emissões de CO2; e (4) a ideação conspiratória geralmente leva as pessoas a verem padrões onde não existem.
     Van der Linden também cunhou o termo O Efeito Conspiratório (em inglês: The Conspiracy-Effect).
     Psicólogos humanistas sustentam que, apesar do conluio por trás da conspiração ser quase sempre percebido como hostil, frequentemente a ideia da teoria conspiratória apresenta um elemento de tranquilidade aos seus crentes.
     Isso se deve, em parte, ao fato de que é mais consolador pensar que as complicações e transtornos em assuntos humanos são criados pelos próprios seres humanos, em vez de por fatores que fogem do controle humano.
     A crença em uma conspiração é um dispositivo mental que seu crente utiliza para se assegurar de que certos feitos e circunstâncias não são resultado do acaso, mas originados por uma inteligência humana.
     Isso torna tais ocorrências compreensíveis e potencialmente controláveis. Se uma associação secreta está envolvida numa sequência de acontecimentos, sempre existe a esperança, ainda que fraca, de ser capaz de interferir nas ações do grupo conspirador, ou para se juntar a ele e exercer um pouco desse mesmo poder.
     Por último, a crença no poder de uma conspiração é uma afirmação implícita da dignidade humana - uma confirmação, muitas vezes inconsciente, porém necessária, de que o homem não é um ser totalmente indefeso e sim responsável, ao menos em certa medida, pelo seu próprio destino.




PROJEÇÃO.




     Alguns historiadores defendem que existe um elemento de projeção psicológica no conspiracionismo. Esta projeção, de acordo com o argumento, se manifesta sob a forma de atribuição de características indesejáveis do ser aos conspiradores.
     O historiador Richard Hofstadter, em seu ensaio "O Estilo Paranoico na Política Americana", afirma que:
     ...é difícil resistir à conclusão de que este inimigo seja, em muitos aspectos, a projeção do ser; tanto o ideal quanto os aspectos inaceitáveis do ser são atribuídos a ele. O inimigo pode ser o intelectual cosmopolita, mas a paranoia o excederá no aparato do conhecimento... a Ku Klux Klan imitou o catolicismo a ponto de vestir trajes sacerdotais, desenvolvendo um elaborado ritual e uma hierarquia igualmente elaborada.
     A John Birch Society simula células comunistas e operação quase secreta através de grupos "de frente" e realiza uma perseguição sem piedade de guerra ideológica seguindo linhas muito parecidas com as que encontra no inimigo comunista.  
     Porta-vozes de várias cruzadas anticomunistas fundamentalistas expressam abertamente sua admiração pela dedicação e disciplina que a causa comunista suscita.
     Hofstadter também notou que a "liberdade sexual" é um vício frequentemente atribuído ao grupo alvo do conspiracionista, observando que "muitas vezes as fantasias de verdadeiros crentes revelam fortes fugas sadomasoquistas, vivamente expressadas, por exemplo, no prazer que os antimaçônicos sentem com a crueldade de castigos maçônicos."
     Um estudo de 2011 descobriu que pessoas altamente maquiavélicas são mais propensas a acreditar em teorias da conspiração, uma vez que elas próprias estariam mais dispostas a se envolverem numa conspiração quando colocadas na mesma situação que os supostos conspiradores.





VIÉS EPISTÊMICO.



     De acordo com a Sociedade Britânica de Psicologia, é possível que certos vieses epistêmicos humanos básicos se projetem no material em análise.
     Um estudo citado pelo grupo descobriu que as pessoas aplicam uma regra geral por meio da qual esperam que um acontecimento significante tenha uma causa significante. O estudo ofereceu aos sujeitos quatro versões de acontecimentos nos quais um presidente estrangeiro (a) foi assassinado com sucesso, (b) foi ferido, mas sobreviveu, (c) sobreviveu com ferimentos, mas morreu de um ataque cardíaco em uma data posterior, e (d) saiu ileso.
     Os sujeitos tenderam em maior medida a suspeitar de conspiração nos casos dos "acontecimentos importantes" (aqueles em que o presidente morre) do que nos outros casos, apesar de que todas as outras evidências disponíveis a eles fossem as mesmas.
     Ligado à apofenia, tendência genética que os seres humanos têm de encontrar padrões de coincidência, isso permite a descoberta de conspiração em qualquer evento significativo.
     Outra regra epistêmica geral que pode ser aplicada a um mistério envolvendo outras pessoas é a cui bono? (quem se beneficia?). Esta sensibilidade a motivos ocultos de outras pessoas pode ser uma característica evolutiva e universal da consciência humana.




PSICOLOGIA CLÍNICA.



     Para alguns indivíduos, uma compulsão obsessiva em acreditar, provar ou repetir uma teoria conspiratória pode indicar uma ou uma combinação de condições psicológicas bem compreendidas e outras hipotéticas, como: paranoia, negação, esquizofrenia, síndrome do mundo vil.




ORIGENS SÓCIO-POLÍTICAS.



     Christopher Hitchens representa as teorias da conspiração como "fumos exaustos da democracia", o resultado inevitável de uma grande quantidade de informações que circulam entre um alto número de pessoas.
     Descrições conspiracionistas podem ser emocionalmente satisfatórias quando elas colocam eventos em um contexto moral facilmente compreensível. O adepto da teoria é capaz de atribuir responsabilidade moral por um acontecimento ou situação emocionalmente perturbadora a um grupo de indivíduos claramente concebido.  
     Crucialmente, tal grupo não inclui o crente. O crente pode então se sentir desculpado de qualquer responsabilidade moral ou política, já que corrigir qualquer falha institucional ou social poderia ser a fonte efetiva da dissonância.
     Da mesma forma, Roger Cohen, em um op-ed para o New York Times, propôs que "mentes cativas ... recorrem à teoria da conspiração, porque é o último refúgio do fracassado. Se você não pode mudar sua própria vida, deve ser porque alguma força maior controla o mundo."
     Onde o comportamento responsável é impedido pelas condições sociais ou está simplesmente além das capacidades de um indivíduo, a teoria da conspiração facilita a descarga emocional ou a clausura que tais desafios emocionais requerem (segundo Erving Goffman).
     Assim como os pânicos morais, as teorias conspiratórias ocorrem com mais frequência dentro de comunidades que estão enfrentando o isolamento social ou a perda de poder político.
     Ao estudar explicações alemães para as origens da Primeira Guerra Mundial, o historiador sociológico Holger Herwig descobriu que "Esses eventos considerados mais importantes são mais difíceis de compreender, pois eles atraem maior atenção por parte dos criadores de mitos e charlatães."
     Esse processo normal pode ser desviado por um certo número de influências. A nível individual, forçar necessidades psicológicas pode influenciar o processo, e algumas de nossas ferramentas mentais universais podem impor "pontos cegos" epistêmicos.
     A nível sociológico ou de grupo, fatores históricos podem tornar o processo de atribuir significados satisfatórios mais ou menos problemático.
     Alternativamente, as teorias da conspiração podem surgir quando as evidências disponíveis no registro público não correspondem com a versão comum ou oficial de eventos. Neste sentido, as teorias conspiratórias podem, às vezes, servirem para destacar os "pontos cegos" nas interpretações comuns ou oficiais dos eventos.




INFLUÊNCIA da TEORIA CRÍTICA.




     O sociólogo francês Bruno Latour sugere que a grande popularidade de teorias da conspiração na cultura de massa pode ser devido, em parte, à presença da TEORIA CRÍTICA de inspiração marxista e de ideias semelhantes na academia, desde os anos 1970.
     Latour observa que cerca de 90% da crítica social contemporânea na academia exibe uma de duas abordagens que ele chama de "a posição de fato e a posição de contos."
     A posição de fato é antifetichista e sustenta que "objetos de crença" (por exemplo, religião, artes) são apenas conceitos sobre os quais o poder é projetado; Latour afirma que aqueles que usam esta abordagem exibem tendências no sentido de confirmar as suas próprias dúvidas dogmáticas como sendo em sua maioria "apoiadas cientificamente". Embora os fatos completos da situação e metodologia correta sejam ostensivamente importantes para eles, Latour propõe que o processo científico é, em vez disso, oferecido como uma patina às teorias preferidas de alguém, a fim de dar um ar de reputação elevada.
     A "posição de contos" defende que os indivíduos são dominados, muitas vezes secretamente e sem o seu conhecimento, por forças externas (por exemplo, economia, gênero). Latour conclui que cada uma dessas abordagens na Academia conduziu a um ambiente polarizado e ineficiente, destacado (em ambas) pela sua mordacidade. "Você vê agora por que é tão bom ter uma mente crítica?", pergunta Latour: não importa que posição você escolha, "Você está sempre certo!"
     Latour assinala que este tipo de crítica social tem sido apropriada por aqueles que ele descreve como sendo teóricos de conspiração, incluindo os negacionistas das mudanças climáticas e o Movimento pela Verdade sobre 11 de setembro: "Talvez eu esteja levando as teorias da conspiração a sério demais, mas é que estou preocupado em detectar, nessas misturas loucas de descrença sem reflexão séria, exigências meticulosas por provas e o uso livre de explicações poderosas tiradas da "Terra do Nunca", muitas das armas de crítica social".




Tropos dos meios de comunicação.



     Comentaristas dos meios de comunicação notam regularmente uma tendência nas mídias de notícias e de cultura popular para compreender acontecimentos através do prisma de agentes individuais, em oposição a notícias estruturais ou institucionais mais complexas.
     Caso se trate de uma observação correta, pode-se esperar que a audiência que demanda e consome esta ênfase seja mais receptiva a informações personalizadas e dramáticas de fenômenos sociais.
     Um segundo tropo da mídia, talvez relacionado, é o esforço em atribuir responsabilidades individuais a acontecimentos negativos. Os meios de comunicação têm a tendência de iniciar a busca por culpados, caso ocorra um acontecimento que seja de tamanha importância, e acabam não tirando o assunto da agenda de notícias por vários dias.
     Seguindo a mesma linha, tem-se dito que o conceito de puro acidente já não é mais permitido em um artigo de notícias.




PARANOIA da FUSÃO.



     Michael Kelly, um jornalista do Washington Post e crítico dos movimentos antiguerra, tanto de esquerda quanto de direita, cunhou a expressão "paranoia da fusão" para se referir a uma convergência política entre ativistas de esquerda e direita em torno das questões antiguerra e liberdades civis que, segundo ele, eram motivadas por uma crença compartilhada no conspiracionismo ou em visões antigovernamentais.
     Barkun adotou esse termo para fazer referência ao modo como a síntese de teorias conspiratórias paranoicas, que um dia já foram limitadas apenas ao público marginal norte-americano, forneceu atração para as massas, possibilitando que as teorias se tornassem comuns nos meios de comunicação de massa, inaugurando assim um período inigualável de pessoas se preparando ativamente para cenários apocalípticos ou milenaristas nos Estados Unidos, do fim do século XX e princípios do 21.
     Barkun observa a ocorrência de conflitos que envolvem lobos-solitários com a aplicação da lei, que agem como intermediários para ameaçar os poderes políticos estabelecidos.



USO POLÍTICO.



     Teorias da conspiração existem no reino dos mitos, onde as imaginações correm à solta, teme-se fatos de superação e onde as evidências são ignoradas. Como uma superpotência, os Estados Unidos é muitas vezes traçado como um vilão nestes dramas.
     Em seu livro “A Sociedade Aberta e Seus Inimigos”, Karl Popper utiliza o termo "teoria da conspiração" para criticar ideologias que conduzem ao historicismo.  
     Popper argumenta que o totalitarismo foi fundado em cima de teorias conspiratórias que recorriam a complôs imaginários conduzidos por cenários paranoicos baseados no tribalismo, chauvinismo ou racismo.
     Popper não argumenta contra a existência de conspirações cotidianas (como se sugeria incorretamente em muita da literatura posterior). Popper usa até mesmo o termo "conspiração" para descrever atividades políticas ordinárias na Atenas clássica de Platão (que era o alvo principal de seu ataque na obra).
     Em sua crítica aos totalitários do século XX, Popper escreve: "Não quero dar a entender que as conspirações nunca ocorrem. Ao contrário, são fenômenos sociais típicos." Reiterou seu ponto: "Conspirações ocorrem, é preciso admitir. Mas, apesar de suas ocorrências, o fato marcante que refutou a teoria da conspiração é que foram poucas as conspirações que tiveram êxito. Os conspiradores raramente consomem sua conspiração."
     Em um artigo de 2009, os acadêmicos de direito Cass Sunstein e Adrian Vermeule consideraram apropriadas as respostas governamentais às teorias conspiratórias:
     O que o governo pode fazer em relação às teorias da conspiração? Entre as coisas que podem ser feitas, o que ele deveria fazer? Podemos rapidamente imaginar uma série de possíveis respostas.
     (1) O governo pode proibir a teorização de conspiração.
     (2) O governo pode impor algum tipo de imposto, financeiro ou de alguma outra forma, sobre aqueles que disseminam tais teorias.
     (3) O próprio governo pode se envolver em counterspeech (se posicionar publicamente contra tais teorias), juntando argumentos para desacreditar as teorias da conspiração.
     (4) O governo pode formalmente contratar entidades privadas confiáveis para exercerem counterspeech.
     (5) O governo pode envolver-se em uma comunicação informal com essas entidades, encorajando-as a ajudar. Cada instrumento tem um conjunto distinto de efeitos potenciais ou custos e benefícios, e cada um terá um lugar sob condições imagináveis. No entanto, a nossa principal ideia de política é que o governo deveria se envolver em infiltração cognitiva dos grupos que produzem teorias conspiratórias, que envolve uma mistura de (3), (4) e (5).




VER TAMBÉM.



1 – LISTA de TEORIAS de CONSPIRAÇÃO.

2 - Conspiracy Theory with Jesse Ventura, telessérie.

3 - Lista de tópicos considerados pseudociências.

4 - Pseudo-história.

5 - Pseudociência.




     Observação do escriba: - Na Wikipédia são encontradas 76 referências e 44 leituras complementares sobre o assunto.



Categorias:


TEORIAS da CONSPIRAÇÃO.
SOCIOLOGIA.


     Esta página foi modificada pela última vez às 04h13min de 1º de agosto de 2016.

    A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e, a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.
     Se DEUS nos permitir voltaremos outro dia ou a qualquer momento. Boa leitura, boa saúde, pensamentos positivos e BOM DIA.
     PANACEIA* - UM SER SUPERIOR determinou a substituição do vocábulo.
    

Aracaju, capital de Sergipe (Ex-PAÍS do FORRÓ e futuro “PAÍS da BOMBA ATÔMICA”), sábado, 31 de dezembro de 2016.

Jorge Martins Cardoso – Médico – CREMESE – 573 - “BANQUEIRO” e Um Eterno Aprendiz.



          Fontes: (1) – Wikipédia. (2) – Outras fontes:

    
jorge martins
Enviado por jorge martins em 31/12/2016


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