Jorge Martins Cardoso

 

Um eterno aprendiz



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A LIBERDADE... O CONHECIMENTO... A ARTE... O PREÇO... O TEMPO... A VERDADE... A VIDA... A VONTADE... O SOL NÃO EXISTE... 35º ato.


A LIBERDADE... O CONHECIMENTO... A ARTE... O PREÇO... O TEMPO... A VERDADE... A VIDA... A VONTADE... O SOL NÃO EXISTE... 35º ato.






O SOL NÃO EXISTE... 35º ato.







GILBERTO CARVALHO - O HOMEM do CARRO PRETO de SANTO ANDRÉ (29ª Parte – Seção B).





Afinal, quem foi, quem é, e o que quer o BARBUDO e ENVELHECIDO LULA? Como foi o início da vida de Lula? Como GILBERTO CARVALHO conheceu o SAPO BARBUDO? – 8º Capítulo.




     A saída de ANTÔNIO PALOCCI da CASA CIVIL da Presidência havia inaugurado a FEBRE demissionária na gestão DILMA. Cada defenestração teve a sua mecânica própria.

     ANTÔNIO PALOCCI acumulara tanto poder quanto inimigos. Tinha TUCANOS como interlocutores, mas encontrava resistência entre PETISTAS.

     GILBERTO CARVALHO foi um dos defensores de sua manutenção até o final de semana anterior ao dia da queda.

     A divulgação da compra de um Apartamento por ANTÔNIO PALOCCI nos JARDINS, em SÃO PAULO, fez com que o Ministro da Secretaria-Geral ouvisse Reclamação da Própria Família: - “COMO VOCÊ, QUE NEM CASA PRÓPRIA TEM, pode continuar a defender um Ministro que comprou um apartamento de 6,6 milhões de reais?”

     Da revelação dos negócios de sua Empresa de Consultoria até a demissão, PALOCCI permaneceu 23 dias como alvo da oposição, sendo a personificação da crise dentro do Palácio do Planalto.

     Na semana anterior à sua queda, PALOCCI foi cobrado por DILMA a dar explicações públicas sobre seu crescimento patrimonial - ganhou 20 milhões de reais no último semestre do ano passado.

     Mantendo em sigilo os serviços que prestou, e quem pagou por eles, suas declarações pareceram vazias e inconvincentes. À Presidenta, ele havia dito que tinha apenas uma “Empresinha de Consultoria”.

     No domingo anterior à demissão de PALOCCI, GILBERTO CARVALHO disse ter se convencido de que a situação era insustentável, apesar de o Ministro ainda contar com o apoio do Ex-Presidente Lula.

     A pressão pela instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) paralisaria o governo.

     Conversando com a mulher, pensou que a Senadora GLEISI HOFFMANN tinha um perfil mais técnico do que político e sua escolha poderia amainar a crise. Guardou a reflexão para si. Era só um pensamento de DOMINGO.

     Na segunda pela manhã, DILMA mencionou que, caso necessitasse substituir PALOCCI, GLEISI poderia ser uma boa opção.

     “Tomei um susto quando ela me disse isso pela coincidência da lembrança”, contou GILBERTO CARVALHO.

     Na manhã da terça-feira, 07 de junho, DILMA chamou o ainda Ministro a seu Gabinete e disse que a situação estava fora do controle. PALOCCI ofereceu sua demissão.

     “A continuidade do embate político poderia prejudicar suas atribuições no governo”, escreveu na carta entregue por volta das 13 horas.

     Minutos depois, a Senadora GLEISI HOFFMANN estava em Rede Nacional, mas era só para dar entrevista a um TELEJORNAL, comentando seu PROJETO de LEI para facilitar a aposentadoria de donas de casa de baixa renda.

     “Lavar, passar, cozinhar não é fácil. Mulher não tem férias nem descanso semanal”, dizia ela, duas horas antes de ser convidada a ser Ministra da CASA CIVIL.
    
     Na conversa com GLEISI, a Presidenta cunhou uma frase-proposta que seria repetida exaustivamente: - “A de ser a DILMA da DILMA.”

     A situação de ALFREDO NASCIMENTO no Ministério dos Transportes resolveu-se de modo menos traumático. Com o início da demissão de mais de duas dezenas de funcionários suspeitos de atos não compatíveis com o serviço público, coube a GILBERTO CARVALHO ligar para ALFREDO NASCIMENTO e informá-lo de que a Presidenta não recuaria do que ficou conhecido como “faxina” do Departamento que cuidava das Obras de Infraestrutura nas Estradas Brasileiras.

     Dias depois, ALFREDO NASCIMENTO pediu demissão, mas não o fez pessoalmente. Enviou a sua carta de desligamento para o PALÁCIO da ALVORADA por um mensageiro – desses de empresas de entrega rápida.


     O capítulo WAGNER ROSSI começou numa sexta-feira à noite – sexta, claro, de agosto.

      O telefone de GILBERTO CARVALHO tocou. Ele dirigia seu carro na estrada que liga BRASÍLIA a CIDADE OCIDENTAL.

     Voltava do sítio que mantém a apenas 46 quilômetros do DISTRITO FEDERAL.

     Atendeu e avisou que não poderia conversar, pois dirigia. Do outro lado da linha, UM FUNCIONÁRIO do PLANALTO resumiu numa frase o conteúdo da reportagem a ser divulgada naquele fim de semana pela revista VEJA, com relatos de ação de LOBISTA dentro do Ministério da Agricultura, comandado por WAGNER ROSSI: -“Parece que cita distribuição de PACOTES de DINHEIRO.”

     Encerrando o telefonema, o ministro disse: - “Vou falar com a Presidenta.”

     Dirigiria ainda 30 quilômetros antes de ligar para o PALÁCIO da ALVORADA e antecipar as más notícias numa conversa rápida.
    
     Durante o dia, quando se especulava sobre acusações contra WAGNER ROSSI, GILBERTO CARVALHO telefonara para ele e mandara um recado direto: - “Se não há nada contra você, deixe isso bem claro publicamente.”

     O PEEMEDEBISTA WAGNER ROSSI suportou a primeira semana de crise, mas sucumbiu na segunda.

     Indicado pelo Vice-Presidente MICHEL TEMER, divulgou carta em que dizia ter desistido de sua “luta estóica, mas, inglória, contra forças muito maiores do que eu possa ter” por pressão da família.

     As pesquisas detectaram como bem recebida a chamada “faxina” de DILMA, mas a oscilação negativa dos índices de popularidade dela acendeu o sinal de alerta no PALÁCIO do PLANALTO.

     “As medidas que tomamos não são pensadas para levantar o moral ou a popularidade da Presidenta. Não é por aí. A popularidade aumenta se crescer o Projeto do Governo, a ação do Governo. A ética é um componente importante, mas não é suficiente para sustentar ninguém”, analisou GILBERTO CARVALHO.

     “Temos de virar a página. Nossa pauta deve ser o combate à Crise Internacional, o Combate à Miséria, as obras do Programa de Aceleração do Crescimento. Não queremos nada espetaculoso no Combate à Corrupção, salvo no que for necessário.”

     Qual é a linha então? “Aconteceu um evento desse tipo no Ministério – acusação de desvio ou corrupção –, o Ministro é chamado: - ‘Você tem nossa confiança, vá lá e se explica. ’”

     Se ele não tiver nenhum problema, fará o combate à corrupção interna, demitirá quem tem de demitir e continuará. Esse é o nosso desejo. Dizer que no governo nunca haverá corrupção é impossível. Sempre há o risco. “A corrupção só derruba o Ministro se ele tiver algum grau de envolvimento, ou se não se sentir em condição de dar o combate interno.”

     Outro lado da crise é o anunciado esfacelamento da base política da Presidenta DILMA. Parlamentares enumeram exemplos de isolamento de DILMA e de relatos de saudades da era Lula.

     “A preocupação maior nesse instante é recompor nossa relação com a base. Porque a base, por várias circunstâncias e interpretações, acabou se sentindo… não vou dizer ameaçada, mas se colocou em estado de prevenção, de insegurança ao que estava acontecendo”.

     “O receio do efeito dominó, que se alastre entre eles, é muito grande”, disse GILBERTO CARVALHO.

     Para o Ministro, a cultura política e a tradição legislativa brasileira foram montadas para funcionar de uma maneira bastante específica: - “O Executivo faz concessões ao Legislativo para ter uma base e, em troca, fecha os olhos para um montão de coisas que o Legislativo faz para se manter”.

     “Financiamento de Campanha é assim. É real que a DILMA tem dificuldade de conviver com isso. Real. Ela se insurge contra isso e gostaria muito de poder mudar completamente esse estado de coisas.”

     A Presidenta sabe que, toda vez que um Ministro cai, suas escolhas para o Ministério se tornam mais questionáveis. “É preciso ética com projeto político. Ética pura e simples, moralista, não é marca desejada de um governo. Essa história de atingir um partido da base aliada no fim atinge a ela. Quem escolheu os Ministros? Ela tem consciência disso. Não está optando por esse caminho. O tempo todo o nosso esforço é ter uma pauta de trabalho”.

     “Essa história de combate à corrupção tem de ser marginal, o eixo é outro.”

     GILBERTO CARVALHO chegou a sua casa e apenas girou a maçaneta para entrar. A porta do amplo apartamento de quatro quartos estava destrancada, como de hábito.

     Seu prédio tem entre os residentes muitos Servidores da Presidência – vários deles dos órgãos de informação.

     O Ministro paga uma taxa de 700 reais para ocupar o imóvel, além das despesas do Condomínio de 600 reais.

     A decoração é simples. Há quadros com motivos Religiosos e Nordestinos. A peça tecnológica mais impressionante é uma Vitrola GRADIENTE, na qual repousa um disco de Canções Infantis de EDGARD POÇAS.

     Na sala, a mesa de oito lugares indica o tamanho da família. O Ministro tem três filhos – SAMUEL, GABRIEL e MYRIAM – do primeiro casamento com a Professora Universitária e Ativista MARIA do CARMO.  

     E, duas filhas – BRUNA e BRENDA – do segundo casamento com FLORIPIS dos SANTOS, Produtora Cultural mais conhecida como FLOR.

     Os três primeiros já são adultos e não moram com o pai: - UM, que fez Ciências Sociais, está nos Estados Unidos. OUTRO estuda Geografia em São Paulo. E a TERCEIRA é Chefe de Cozinha de um Grande Hotel em BRASÍLIA e está prestes a abrir uma casa para vender massas.

     BRUNA, 08 anos, e BRENDA, 06, dominam os dias livres de GILBERTO CARVALHO e de FLOR, como prova o Disco na Vitrola.

     Nascidos no interior de SANTA CATARINA, há três anos estavam em um ORFANATO, depois que os Pais Naturais se envolveram com DROGAS e PROSTITUIÇÃO.

     Aos 54 anos, seis anos mais jovem que o marido, FLOR ajudava uma amiga num Processo de Adoção, quando decidiu que também queria ser MÃE.

     Ela e GILBERTO CARVALHO candidataram-se na VARA de INFÂNCIA e JUVENTUDE a adotar uma criança de até 03 anos, como a maioria das pessoas fazem, em geral com grande espera.

    Um e-mail com fotos de BRUNA e BRENDA, irmãs com o dobro da idade planejada, comoveu o casal, que decidiu passar um final de semana em SANTA CATARINA para conhecê-las.

     Logo à chegada, a mais velha perguntou: - “Vocês é que serão nossos PAIS?”, enquanto a caçula afastava as demais crianças de perto.

     Tocado, GILBERTO CARVALHO pediu ao JUIZ autorização para que as levasse a BLUMENAU no final de semana seguinte. Sem um processo de Adoção Formalizado, não havia base legal para liberá-las.

     FLOR e GILBERTO CARVALHO decidiram, naquela hora, que BRUNA e BRENDA seriam suas FILHAS.

     A burocracia no Processo de Adoção das duas fez com que GILBERTO CARVALHO estimulasse Ações no Governo para acelerar e simplificar esse tipo de ato.

    Em 2009, Lula sancionou uma LEI com a Criação de Cadastros Nacionais e Estaduais de Crianças para Adoção, unificando regras e admitindo que Casais em União Estável pudessem Adotar Crianças.

      O familiar que reclamou da defesa que GILBERTO CARVALHO (um sem-apartamento) fez de ANTÔNIO PALOCCI (um com-belíssimo-apartamento), sabe que ele vive bem com o Salário de 27.000 reais de Ministro de Estado.

     Para o futuro, GILBERTO CARVALHO diz que pretende se dedicar de novo à Formação de Quadros para o PT, não quer se candidatar a nada,  Planeja Fixar Residência em BRASÍLIA e se Aposentar da Vida de Servidor Público ao final do atual Mandato de DILMA.

     Já começou a tocar seu Projeto Pessoal mais precioso: - O “SÍTIO VÓ HELENA”, sua “propriedade agroecológica sustentável”.

     O Ministro diz ter vendido há seis anos um Apartamento que possuía em SÃO PAULO por 96 mil reais.

     Com esse dinheiro e prestações de 670 reais, “a perder de vista”, comprou 03 hectares (30 mil metros quadrados) de terra em CIDADE OCIDENTAL (GO).

     Foi o Empresário JORGE FERREIRA – Petista Dono de Vários Bares e Restaurantes em BRASÍLIA – que o levou até o pequeno Município Goiano, onde havia “lotes baratos de terra”.

     GILBERTO CARVALHO construiu uma casa modesta, com dois quartos e móveis rústicos. O patrimônio que considera mais valioso é uma Imagem de Nossa Senhora Aparecida e um Barril de Carvalho com Cachaça Mineira.

     No terreno, planta banana, café e flor-de-mel. Fertilizante, só natural. O cavalo foi comprado por 600 reais – “com direito à carroça”, sublinha ele.

     Tem galinhas que produzem doze dúzias de ovos por dia e dezenas de porcos, além de um exemplar de javaporco, um bichão triste confinado numa pocilga escura e tão pequena que mal tem espaço para se virar.

     Temperos e ervas são plantados em forma de mandala para melhor “circulação da energia”.

     A água, que viaja por um encanamento de um quilômetro e quinhentos metros desde um açude, aproveitando a gravidade, acumula-se em um lago artificial com pintados e tilápias.

     É um local para recolhimento e aprendizagem, disse GILBERTO CARVALHO. “O Lula, que nunca veio aqui, reclamava que eu me enfiava no mato, onde o telefone CELULAR pega mal, só para ele não me chamar para trabalhar no final de semana”, contou rindo.

     O Ministro rejeita o rótulo de ser “O HOMEM de LULA” no PALÁCIO do PLANALTO e ri da possibilidade de a Presidenta e o Ex-Presidente se romper.

     “A chance de divisão entre LULA e DILMA é zero”, afirmou. “Ele empresta a ela uma segurança e um apoio impressionantes. Ao mesmo tempo, ele manifesta um enorme cuidado em não ser a sombra dela. O que de fato é um risco.”

     O Humorista GUSTAVO MENDES obteve mais de 02 milhões de acessos na INTERNET a vídeos em que imita DILMA.

     Sua versão da Presidenta – que das Gravações Caseiras iniciais se transformou em Shows de Teatro e em Programas de Humor na Tevê – é de uma DILMA desbocada, repreendendo Ministros agressivamente.

     No vídeo mais famoso, em meio a quase duas dezenas de palavrões, DILMA dá uma bronca em GUIDO MANTEGA, quando vê na INTERNET que a INFLAÇÃO está em alta.

     “GUIDO, engole esse choro. Você não tem que chorar. Tem que resolver!”

     GILBERTO CARVALHO divertiu-se com a imitação e analisou a razão de o temperamento da Presidenta estar em constante debate.

     “Parte disso é uma história que foi desenvolvida ao longo dos anos e que tem fundamento. Aquele vídeo tem um quê de verdade. É o padrão de exigência. Claro que não tem o engole o choro… Mostramos para ela… Ela riu”, disse.

     “A DILMA teve uma evolução nesse sentido. À época da CASA CIVIL, ela era mais dura. O tempo de Governo foi dando a ela uma maleabilidade na relação muito maior”.

     “Houve cenas, já reproduzidas por muita gente, de pancadas. É verdade isso. Não é um mito. Mas no passado. Ela foi amadurecendo. É nítido, todo mundo reconhece. A Cadeira Presidencial tem um peso. O estilo dela como Presidenta mudou muito em relação à de Ministra. Tem um pouco de maldade nesse negócio.”

     GILBERTO CARVALHO apontou as diferenças entre DILMA e LULA. “Um aspecto é a intransigência dela diante de duas coisas: - A mediocridade e o desvio, o desmando.

     A reação dela é muito forte, visceral, eu diria. Lula é mais macunaímico. Não é que ele não combatia. Acompanhei aqui. Ele ficava abatido pra caramba e dizia que o único jeito de não ser investigado era não errar.

     Ele ia acompanhando, mas no fim demitia: - ZÉ DIRCEU, PALOCCI, GUSHIKEN, SILAS RONDEAU.

     “Quando ele reconduziu ANTÔNIO FERNANDO (ao cargo de Procurador-Geral da República, responsável pelo inquérito do MENSALÃO)… Eu sei da pressão que sofreu. Ele tem um jeitão mais paternal. A DILMA fala a coisa mais na lata.”

     Não havia título mais chato nem mais adequado para uma reunião convocada por PETISTAS para o final de julho: - “Participação Social e Governo: - Opção metodológica do Governo Dilma.”

     Cerca de 200 Servidores do Palácio do Planalto e de vários Ministérios se dirigiram ao Auditório do Anexo I para ouvir o Ministro GILBERTO CARVALHO discorrer sobre o tema.

     Era o 28º Fórum do Planalto, um seminário em que funcionários podem questionar Ministros e convidados sobre os temas em discussão, resquícios assembleístas dos quadros do PT.

     O Ministro começou dizendo que o “Governo tem de ter a inteligência de ouvir”. A poucos metros dali, na Praça dos Três Poderes, ELETRICITÁRIOS tocavam cornetas num volume que chegava ao Gabinete da Presidência, pediam reajuste e apelavam em uma faixa: - “DILMA, amoleça seu coração.”

     CARVALHO continuava: - “Desde 2003, nenhum movimento veio aqui se manifestar sem que fosse chamado a entrar e conversar, sem nenhuma repressão”.

     “Eles nunca vêm aqui para fazer festa ou elogio, vêm para brigar, para forçar conquistas de novos direitos, proporem novas políticas.” (os ELETRICITÁRIOS seriam recebidos dali a pouco.)

     Explicou que a energia de LULA era uma consequência de suas viagens pelo país. “Aquilo que era tido e havido no início do governo como turismo irresponsável, espécie de governante inapto à gestão, alguém que renunciava à tarefa de governar delegando-a a ZÉ DIRCEU, PALOCCI e DILMA, pois só queria saber de passear, na verdade era o segredo para medir o pulso”.

     “De abrir os vasos capilares andando o país, captar essa onda de energia político-espiritual.”

     Reconheceu abordagens distintas de LULA e DILMA na relação com os MOVIMENTOS SOCIAIS. “A Presidenta vem de outra formação, outro histórico.

     Justamente por isso nos chamou, na transição: - ‘GILBERTO, preciso de você para que seja uma espécie de GRILO FALANTE. Para me trazer as verdades do povo, trazer as demandas dos Movimentos Sociais. Quero os movimentos dialogando no Planalto. ’

     “E, quando você vai abrindo a porta, não há limite, não há meia democracia”, discorreu sem lembrar que, na História Original Italiana, o GRILO é esmagado por PINÓQUIO, uma vantagem e tanto de se ter uma consciência externa a si mesmo.

     O Ministro narrou o que chamou de o “dia mais simbólico” dos oito anos de Mandato de Lula.

     No começo de uma noite de meados de 2007, foi informado de que haviam chegado ao Palácio do Planalto 130 pessoas do Movimento dos Portadores de Hanseníase. Sem nenhuma audiência pedida.

     Reivindicavam Indenização Federal porque, até 1976, os acometidos pela doença eram “Confinados pelo Estado em Colônias, os antigos LEPROSÁRIOS”.

     “Eles foram contando suas histórias, como a da MOÇA que estava GRÁVIDA e a POLÍCIA SANITÁRIA a tirou de casa e a levou para o LEPROSÁRIO”. O MARIDO se Suicidou, e a FILHA, quando nasceu, foi retirada dela imediatamente e colocada num DISPENSÁRIO, Orfanato contíguo ao SANATÓRIO.

     As mães só podiam ver os filhos pelos vidros, sem ter contato. A filha desapareceu, e ela só a reencontrou 35 anos depois.

     “Quando comecei a escutar aquelas histórias, eu disse: - ‘Dou conta disso não. ’ Subi (para o Gabinete Presidencial).”

      Gilberto Carvalho contou que interrompeu Lula. O Presidente tinha um dia de agenda cheia, com políticos e empresários. “Eu disse: ‘Ó, Véio, o pessoal está lá. ’”

     Ele respondeu: - ‘Gilbertinho, vocês me montam uma agenda maluca dessas e como vou descer?’ Respondi: - “‘Véio, tem que falar com esse povo porque é uma coisa muito especial. ’”

     O Ministro acomodou os 130 manifestantes em uma sala do 3º andar, ao lado da ALA do Presidente. “Puxei-o pelo braço e o levei. Quando entramos na sala – os Igrejeiros sabem a que vou me referir –, eles estavam cantando aquela música que diz: - ‘Fica sempre um pouco de perfume nas mãos de quem oferece rosas… ‘

    “Quando viu aquela gente, Lula fez um gesto que vai me marcar para o resto da vida: - Saiu abraçando e beijando uma por uma aquelas pessoas, o que não é fácil. Falou para mim: - ‘Acaba com a agenda do resto do dia. Quero ouvi-los. ’

     Uma hora e pouco escutando. Chamou-me depois e disse: - ‘Gilbertinho, temos vinte dias para fazer uma LEI para dar a essa gente o direito à indenização. Trata de mandar fazer essa LEI rapidamente. ’

     O Ministro ficou com os olhos marejados. “Estou ficando velho, estou chorão”, reconheceu, da mesa em que estava instalado. “Não foram vinte dias, mas em quarenta dias eles estavam de volta ao Salão Leste. LULA assinou o DECRETO com a INDENIZAÇÃO.”

     Foram beneficiados 3.000 “Exilados Sanitários”, sobreviventes dos 101 Hospitais-Colônia abertos desde o começo do SÉCULO XIX.

     Passaram a ganhar Pensão Mensal Vitalícia de 750 reais, a um custo de 27 milhões de reais por ano para o Tesouro.

     “Esse fato, que chamo de Sacramental pela sua simbologia, mostra como é decisivo que o Governo ouça. Tenha paciência, abertura para acolher e fazer justiça. Desculpem-me ter falado demais para meu tamanho”, encerrou CARVALHO.

    Os Dias Sacramentais são exceção. No final de agosto, as tribulações políticas davam sinais de que se iriam com o mês, dissolvendo-se no tempo.

     GILBERTO CARVALHO passaria os derradeiros dias de agosto indo a Reuniões com representantes da FUNAI, a reuniões para discutir a Dívida Agrária, a Reuniões com a Federação Nacional dos Portuários, a Reuniões com SINDICALISTAS ESTRANGEIROS, a Reuniões com os Líderes dos Sem-Terra.

     Iria também às solenidades de posse dos novos Ministros e participaria de Fóruns de discussão sobre a Cidadania.




Aracaju, 5ª feira, 04 de agosto de 2022.


JORGE MARTINS CARDOSO – MÉDICO – CREMESE nº 573.



     FONTES: (1) – INTERNET. (2) – GOOGLE. (3) – WIKIPÉDIA. (4) – OS OUVIDOS do PLANALTO – GILBERTO CARVALHO – Por Plínio Fraga – REVISTA PIAUÍ – Edição nº 60 – Setembro de 2011. (5) – Outras fontes.

jorge martins
Enviado por jorge martins em 04/08/2022


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